[...]"o poema, sendo como é uma forma de manifestação da linguagem e, por conseguinte, na sua essência dialógico, pode ser uma mensagem na garrafa, lançada ao mar na convicção - decerto nem sempre muito esperançada - de um dia dar a alguma praia, talvez a uma praia do coração. Também neste sentido os poemas estão a caminho - têm um rumo.
Para onde? Em direcção a algo aberto, de ocupável, talvez a um tu apostrofável, a uma realidade apostrofável. Penso que para o poema o que conta são essas realidades. E acredito ainda que raciocínios como este acompanham, não só os meus próprios esforços, mas também os de outros poetas da geração mais nova. São os esforços de quem, sem tecto, também neste sentido até agora nem sonhado e por isso desprotegido da forma mais inquietante, vai ao encontro da língua com a sua existência, ferido de realidade e em busca de realidade."[...]
PAUL CELAN
"arte poética, o meridiano e outros textos"
edições cotovia
tradução joão barrento
"Abre a romã, mostrando a rubicunda Cor,com que tu, rubi, teu preço perdes; (...........)" Luis Vaz de Camões, Os Lusíadas,IX,59
sexta-feira, junho 30, 2006
domingo, junho 25, 2006
deixa que um pássaro cubra o contorno alucinante
e oculto do meu canto
porque eu estou na impressão das coisas
os meus olhos são pássaros
- os pássaros alma inclinada sobre a noite
falo-te devagar do ventre onde vivi
escuto o marulhar de um silêncio proferido
indizível divisa a tua alma
o que semeará o linho
se por ti espera o cosmos do meu leito
e as pedras caminham longas pela estrada
não sei o que te diga
fixam-me as paredes como se eu fosse o sol perdível
mais uma vez as coisas vivem
e o sol ( oh essência!)
deixa que um pássaro cubra o contorno alucinante
e oculto do meu canto.
mariagomes
jun.06
e oculto do meu canto
porque eu estou na impressão das coisas
os meus olhos são pássaros
- os pássaros alma inclinada sobre a noite
falo-te devagar do ventre onde vivi
escuto o marulhar de um silêncio proferido
indizível divisa a tua alma
o que semeará o linho
se por ti espera o cosmos do meu leito
e as pedras caminham longas pela estrada
não sei o que te diga
fixam-me as paredes como se eu fosse o sol perdível
mais uma vez as coisas vivem
e o sol ( oh essência!)
deixa que um pássaro cubra o contorno alucinante
e oculto do meu canto.
mariagomes
jun.06
quinta-feira, junho 08, 2006
"No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida. "
(...)
excerto do poema "Aniversário" de Álvaro de Campos
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida. "
(...)
excerto do poema "Aniversário" de Álvaro de Campos
quarta-feira, junho 07, 2006
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