é difícil diluir a ternura cobrir o chão estender os braços
para a fistula que janeiro finda
temos a medida do tempo a poeira insípida
que nos queima a pele onde o mar já existiu
nunca as ondas me dosearam os gritos
nunca te ofereci um voo ágil
e hoje o dia é válido.
mariagomes
31 Jan.2006
"Abre a romã, mostrando a rubicunda Cor,com que tu, rubi, teu preço perdes; (...........)" Luis Vaz de Camões, Os Lusíadas,IX,59
terça-feira, janeiro 31, 2006
(...)
"Eu não acredito na imortalidade de coisa alguma; e embora um poema deva valer por si próprio, como obra independente do autor e da sequência da criação a que este foi dando, eu todavia penso que é mais importante, humanamente, o espírito de peregrinar que o facto conclusivo de haver visitado lugares santos. Na peregrinação, que é a nossa vida, muito mais somos visitados do que visitamos. Diário íntimo ou fastos espiritualmente autobiográficos – a poesia é mais do que isso. A co-responsabilidade do tempo e nossa, que é a única garantia de uma autenticidade - pois que será esta senão a busca de uma verdade que está para lá da actividade estética , e que a actividade estética não tem por fim achar, mas testemunhar que insatisfeitamente ela é buscada? -, ultrapassa precisamente o solipsismo inerente mesmo à mais convincente das criações poéticas , e concede à poesia uma paradoxal objectividade que as fabricações da perfeição artista são incapazes de atingir, por demasiado dependentes do gosto, quando o testemunho vale pela reflectida espontaneidade que apela e apelará sempre para a comunhão de todos os inquietos, todos os insatisfeitos, todos os que exigem do mundo, para os outros, a generosidade que lhes foi negada."
Jorge de Sena
do prefácio ( 1960) da 1ª edição de Poesia-I ( 1961)
obras de Jorge de Sena, antologia poética, edições Asa
"Eu não acredito na imortalidade de coisa alguma; e embora um poema deva valer por si próprio, como obra independente do autor e da sequência da criação a que este foi dando, eu todavia penso que é mais importante, humanamente, o espírito de peregrinar que o facto conclusivo de haver visitado lugares santos. Na peregrinação, que é a nossa vida, muito mais somos visitados do que visitamos. Diário íntimo ou fastos espiritualmente autobiográficos – a poesia é mais do que isso. A co-responsabilidade do tempo e nossa, que é a única garantia de uma autenticidade - pois que será esta senão a busca de uma verdade que está para lá da actividade estética , e que a actividade estética não tem por fim achar, mas testemunhar que insatisfeitamente ela é buscada? -, ultrapassa precisamente o solipsismo inerente mesmo à mais convincente das criações poéticas , e concede à poesia uma paradoxal objectividade que as fabricações da perfeição artista são incapazes de atingir, por demasiado dependentes do gosto, quando o testemunho vale pela reflectida espontaneidade que apela e apelará sempre para a comunhão de todos os inquietos, todos os insatisfeitos, todos os que exigem do mundo, para os outros, a generosidade que lhes foi negada."
Jorge de Sena
do prefácio ( 1960) da 1ª edição de Poesia-I ( 1961)
obras de Jorge de Sena, antologia poética, edições Asa
sábado, janeiro 28, 2006
Memória de Carlos Gouveia, "GOIA"

in " Coração transplantado"
Carlos Gouveia, "Goia", nascido em Peniche, Portugal, há 76 anos, faleceu hoje, em Lisboa, vítima de doença prolongada.
Residiu 74 anos na cidade de Benguela, República de Angola. Autor de diversos livros de poesia e crónicas e exímio caricaturista, deixa-nos na certeza de que " chorar não é violência, chorar a ferida que nos dói é alimento"...
mariagomes
nota: " Coração transplantado" foi-me oferecido por Carlos Gouveia, " Goia", em forma de livro manufacturado, a 23 de Março de 2004, em Benguela. Não quis o poeta que eu ficasse com esse coração "transplantado" pela editora, mas com um exemplar totalmente trabalhado por si. Diz-nos , " há que salvar a poesia na mensagem que ela nos impõe, na sua liberdade de expressão, a preocupação de nenhuma regra" . Pelo facto de se ter dedicado, também e ainda mais à pintura, desenho e caricatura, "Goia" relativizava o trabalho de uma gráfica. Era o artista a dar lugar à urgência, e ao tempo.
mariagomes
domingo, janeiro 22, 2006
segunda-feira, janeiro 16, 2006
domingo, janeiro 15, 2006
sábado, janeiro 14, 2006
quarta-feira, janeiro 11, 2006
"Pátria é uma palavra que podemos dizer
sem que a maioria do povo a reconheça
Ela não pertence ao léxico das palavras comuns
e se os políticos a referem é quase sempre com a violência
De uma retórica vã"
(…)
Excerto de" Pátria Soberana, seguido de Nova Ficção, 1999."
António Ramos Rosa , in " O Poeta Na Rua", edições Quasi
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- mariagomes
- Podes entrar ; tenho as mãos para dizer o disperso canto das águas. Os meus olhos, alagados pelo grito das árvores, são lúcidos ao início do sol. Com o amor das coisas, rejubilo e lanço os braços a um rodopio doce e futuro, a uma tempestade humana. Tudo o que eu espero é sentir o elo da criação que se move, entre mim e ti, e a claridade. ____________mariagomes
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