domingo, agosto 31, 2008

...e se a tempestade arrastar o ganha-pão destas famílias? Com o céu carregado, a praia deserta e a interrogação na cabeça, fotografei estes barcos que afligiam. Sobre isto, conversei com o Augusto Mota, que compôs este 'slideshow':




sábado, agosto 30, 2008




Le courage de la goutte d'eau, c'est qu'elle ose tomber dans le désert.
[ Lao She ]extrait de Quatre générations sous un même toit

A coragem da gota d'água é que ela ousa cair no deserto.
[ Lao She ] tirado de Quatro gerações sob o mesmo tecto


segunda-feira, agosto 25, 2008

quinta-feira, agosto 21, 2008


conservo ainda a palavra que fende o outono,
a que lava a margem

e regressa a este difícil tempo de amar.

habitando o destino do teu círculo insurrecto,
velo incessantemente a noite.
quando o sol nascer,
levarei o amor ao sepulcro inviolado
das aves;
ao eco, o fogo pátrio,
o silêncio arauto da matriz das tempestades.

nada nos foi prometido, nem um olvido.
a palavra é o fragor de um dia sem porto
nem pôr do sol.

dá-me o estro,
uma branca toalha
espargindo o esplendor, o sal, a âncora…
deve haver um caminho para o mar.


mariagomes
agosto.08

terça-feira, agosto 05, 2008


há constelações a conduzirem-me
como inata substância que se expande em súplica
na primavera cegou um lírio
imemorial
urdindo a voz onde a nudez se avulta.


mariagomes
ag.2008


sexta-feira, agosto 01, 2008



içaram as árvores as suas vestes de fogo
logo houve um exílio.
as minhas lágrimas foram escritas por aí.


mariagomes
ag.2008

sábado, julho 26, 2008

sexta-feira, julho 25, 2008



no tempo que defendo os areais sem fim
num modo de imaginar a secura concisa
adiei os barcos à deriva

tudo se retém no meu amado : os pássaros verdes
o elevado perfume daquela mancheia de sol
um mar profundo
inacessível.

mariagomes
julho.08



quarta-feira, julho 16, 2008

domingo, julho 13, 2008


és o lugar onde a raiz se incendeia,
curada lã do meu signo;
entrarei por ti
como uma candeia desfolhando teu ciclo…


de noite, eu sei, num exacto tremor,

a vaga é o meu grito, o som da manhã,
ou o orvalhado langor das florestas.

mariagomes
julho.08




sexta-feira, julho 04, 2008




[…]
Los poetas de este tiempo saben que la poesía es un movimiento hacia el otro que viaja del misterio de uno al misterio de todos y en ese encuentro, gana su transparencia. Viaja sin nombre, sin número, ajena al cálculo y a sumisión, corrige la frialdad y el desamor, junta los pedazos del mundo y abriga en su tienda de fuego.Nosotros los demás debemos aprender a escuchar el deseo de los poetas, sino pasamos de largo engañándonos. Tal vez lo que el poeta intenta toda su vida es escribir un poema, uno solo que sea pariente de la magia. El poeta no sería entonces un pequeño dios, como quiso Vicente Huidobro, sino un mero mendigo de la magia que siempre se le da por accidente, un perseguidor perseguido por un sonido que sabe que no existe.
[…]

Juan Gelman
Excerto da conferência de 2007
in Artes poéticas


sexta-feira, junho 27, 2008



para um cuidado o clamor da luz
para um incêndio a inflexão da bruma

os braços que originam o deserto são para mim.

mariagomes
27junho.08


quinta-feira, junho 26, 2008



há uma manhã no lugar incendiário da linguagem
uma manhã com um pigmento de sol
a bater na apoteose
e o peito a arder
e eu estou nessa manhã
nesta lonjura
usando a vértebra obscura e o rebordo das paisagens.

mariagomes
26junho.08


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As Edições Sempre-em-Pé e a Casa Fernando Pessoa têm o prazer de convidar V. Exa para uma sessão em que serão apresentadas as duas séries de poesia actualmente publicadas pela editora referida: a série DiVersos - Poesia e Tradução, que se publica desde 1996, e a colecção de poesia UniVersos, iniciada em 2005.
Além de outros números recentes, estará disponível o n.º 13 da DiVersos, acabado de publicar em Junho. Serão lidos poemas por alguns poetas (Cristino Cortes, João Miguel Henriques, J. T. Parreira e Ruy Ventura) e tradutores (Ana Maria Carvalho, José Lima e Manuel Resende) que já colaboraram com a DiVersos.
Dos quatro títulos publicados na colecção UniVersos, os dois últimos serão abordados com mais vagar: Rio Abaixo, Rio Acima, do poeta alemão Tobias Burghardt, numa edição bilingue com tradução portuguesa de Maria de Nazaré Sanches, e Gloria Victis, do poeta Carlos Garcia de Castro, com a presença e apresentação pelo Autor e comentário crítico do Dr. Rui Cardoso Martins, do Jornal Público.
A sessão será coordenada por José Carlos Costa Marques, um dos coordenadores de DiVersos e editor de ambas as séries. A entrada é livre.

domingo, junho 22, 2008

sábado, junho 21, 2008



vi morrer o sol
e tu erguendo o sol à terra
de um vermelho vivo

eram de súbito os pássaros
de milho.


mariagomes
19 junho de 2008



quarta-feira, junho 18, 2008



eu sou uma rosa
rompo o fogo amargo
de um canto célere
a solidão do mar

eu sou outra rosa
dói-me nascer
em
e
s
p
i
r
a
l
como um cisne como um lago.

mariagomes
18 de Junho de 2008



terça-feira, junho 17, 2008

domingo, junho 15, 2008



tenho uma janela de pedra aberta para o mar

os peixes muito azuis
escritos num muro
tenho os
pés na água
deste luar tão escuro nesta candeia rasa.


mariagomes
15jun.2008


sexta-feira, junho 13, 2008

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[...]
'Não tenho sentimento nenhum político ou social. Tenho, porém, num sentido, um alto sentimento patriótico.Minha pátria é a língua portuguesa. Nada me pesaria que invadissem ou tomassem Portugal, desde que não me incomodassem pessoalmente. Mas odeio, com ódio verdadeiro, com o único ódio que sinto, não quem escreve mal português, não quem não sabe sintaxe, não quem escreve em ortografia simplificada, mas a página mal escrita, como pessoa própria, a sintaxe errada, como gente em que se bata, a ortografia sem ípsilon, como o escarro directo que me enoja independentemente de quem o cuspisse.
Sim, porque a ortografia também é gente. A palavra é completa vista e ouvida. E a gala da

transliteração greco-romana veste-ma do seu vero manto régio, pelo qual é senhora e rainha.'

Fernando Pessoa (n. 13/06/1888, f.30/11/1935)

Livro do Desassossego por Bernardo Soares
( Prefácio e Organização de Jacinto do Prado Coelho.) Lisboa: Ática, 1982.

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Podes entrar ; tenho as mãos para dizer o disperso canto das águas. Os meus olhos, alagados pelo grito das árvores, são lúcidos ao início do sol. Com o amor das coisas, rejubilo e lanço os braços a um rodopio doce e futuro, a uma tempestade humana. Tudo o que eu espero é sentir o elo da criação que se move, entre mim e ti, e a claridade. ____________mariagomes
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