"Abre a romã, mostrando a rubicunda Cor,com que tu, rubi, teu preço perdes; (...........)" Luis Vaz de Camões, Os Lusíadas,IX,59
sexta-feira, setembro 23, 2005
tão completa
tão completa quanto esta manhã,
é a lua cerzida pela sombra
aos olhos abertos da calçada,
a minúcia da meditação,
ou o teu rosto em triângulo
ou agosto que deflagrou.
mariagomes
23set.2005
quarta-feira, setembro 21, 2005
a Sofia e uma resposta...
A Sofia*, hoje, disse-me:
- "Avó, eu tenho uma resposta de prendas: o dinheiro."
( *Sofia Gomes, 3 anos de idade)
mariagomes
20Set.2005
segunda-feira, setembro 19, 2005
à sensação do voo
agora, um cântico coage, imaculado, à sensação do voo.
passo por escadas infindas,
emudeço os ramos dos negros céus do jugo.
juro
que o sangue do meu coração absorve a face das espigas.
juro
que tomo a tua boca, anónima,
quando se incendeia a membrana do vento brando.
todas as pedras se foram,
pela manhã tombada,
em silos púberes, silenciosamente belos, que interpelam.
mariagomes
16 Agosto/Set.2005
nesta madrugada
crê nas palavras.
há palavras que têm o teu nome
na quietude das tâmaras.
como provisão solar, viajo entre o amor e o mar,
e o cerco
que serve um ateneu de mãos raras.
mariagomes
18agosto/set.2005
domingo, setembro 18, 2005

(fotografia de Augusto Mota)
"Pensamento outonal:
Ainda que só por dentro, as pessoas, como as folhas das árvores,
deviam poder ficar cada dia mais bonitas
antes de cairem por terra."
Augusto Mota
14.09.2005
AUGUSTO MOTA nasceu em Ortigosa, Leiria, em 1936. Licenciado em Filologia Germânica. Foi professor da Escola Industrial e Comercial de Leiria / Escola Secundária Domingos Sequeira, de 1959 a 1996.
Trabalhou em desenho, pintura, mosaico, gravura e publicidade. É autor de diversas capas de livros, assim como de ilustrações para livros de poesia. Fez maquetas e cenários para grupos de teatro de amadores. Executou painéis decorativos de grandes dimensões para estabelecimentos comerciais de Leiria, sendo ainda autor de muitos logotipos de empresas e associações desta região.
Na década de 60 colaborou activamente, com textos e ilustrações, no movimento cultural dos suplementos e páginas literárias da imprensa regional.
Com o seu filme Variações sobre o mesmo traço, pintado e desenhado directamente sobre película de 8mm, obteve em festivais de cinema de amadores, na sua categoria, três primeiros prémios: Figueira da Foz 1963. Rio Maior 1963, Guimarães 1966, além de uma medalha de honra em Andorra, em 1966.
Em 1959 publicou em Coimbra, em edição de autor, o caderno de prosa Quadriculado. É o autor dos textos das bandas desenhadas Wanya, escala em Orongo (desenho de Nelson Dias / edição Assírio & Alvim, Lisboa, 1973) e Copra, a flor da memória (desenho de Nelson Dias, fanzine “Copra”, nº 3, Coimbra, 1974). Está representado na antologia Hiroxima (Nova Realidade, Tomar, 1967) e em Juntos por Lorosae (Jorlis, Leiria, 1999).
Tem vindo a colaborar, com textos curtos, na revista Rodapé da Biblioteca Municipal de Beja, tendo inéditos os seguintes escritos: Metáfora, (1962), O Artifício da Loucura (1964), A Geografia do Prazer (2000) e Sujeito Indeterminado – breviário de textos brevíssimos (2003)
Em 1988, no dia da cidade, a Câmara Municipal de Leiria atribuiu-lhe o Galardão do Município “pela sua valiosa e multifacetada obra artística e cultural”.
exposições mais recentes:
Colectiva de Artistas de Leiria, Galeria 57, Leiria, 1998
Colectiva de Artistas de Leiria “Ars Multiplicata”, Rheine, Alemanha, 1999
Colectiva de Artistas de Leiria “Ars Multiplicata”, Leiria, 2000
Individual, “Quadras & Quadros”, 2ª Festa do Livro, Beja, 2001
Individual, “Quadras & Quadros”, Confraria do Pão, Monte das Galegas, Terena, 2001
Individual, “Quadras & Quadros”, Museu Municipal de Estremoz, 2001
Colectiva internacional “25 anos do Cinanima”, Centro Multimeios, Espinho, 2001
Individual, “Quadras & Quadros”, Galeria da Biblioteca Municipal de Redondo, 2003
Individual, “Quadras & Quadros”, Galeria da Livraria Arquivo, Leiria, 2003
Individual, “Quadras & Quadros”, SAAL 2004, Cortes, Leiria, 2004
Individual, “46 Fotopoemas” , Escola Superior de Educação de Leiria, Fev. 2005
sábado, setembro 17, 2005
tudo se concentra
descanso, enfim, na mão a infância longa,
para que o ar nos traga um norte
de claridade cálida,
no espanto.
eu tenho ainda o mármore assinalando
letras de marfim eleitas;
vejo animais à solta,
até os mares alcançam marinheiros,
catapultam-se no céu estrelas suspeitas.
e tudo é tão enorme!
em tudo bate um coração, tudo se concentra.
mariagomes
17 de Set.2005
quinta-feira, setembro 15, 2005
por fim...
por fim,
a dificuldade de entender visivelmente setembro
na desordem dos dedos livres.
na silhueta de tocadores estendida sobre a mesa de alaúdes
não vale a pena os pássaros deporem,
a sul também o corpo vive!
mariagomes
15 Set.2005
quarta-feira, setembro 14, 2005
"Seja o que for que vos venham a dizer, uma coisa é indiscutível: a escrita só existe a partir do sentir. E se estão a usar palavras, também têm de usar pensamentos e imagens dado que as palavras são feitas de pensamentos e de imagens. Se estivessem a escrever música, usariam notas e instrumentos. Se estivessem a pintar um quadro usariam uma tela ou papel. Mas todas estas coisas só adquirem vida se forem impulsionadas pelo sentir, um sentir que, neste caso, vem de dentro de vós e que, podem estar certos, nunca se esgotará. Quanto mais o procurarem, mais o acharão."
(...)
Ted Hughes
in " O Fazer da Poesia"
tradução de Helder Moura Pereira
edição Assírio & Alvim
pag. 138
terça-feira, setembro 13, 2005
falo de jardins
resvalo por te querer, flor verde do meu seio.
sem caminho,
levanto a aurora com um arado,
colho câmaras de sede que hão-de vir.
preciso da tua eternidade
da noite meia,
dessa contínua canção que me descobre
quando digo que
- hoje irá anoitecer.
mariagomes
13 Set.2005
sexta-feira, setembro 09, 2005
quinta-feira, setembro 08, 2005
a rua respira
nos dedos a poesia gasta-se.
com algemas nasceu uma rosa corroendo a paisagem,
e é setembro.
chegaram os sopros pungentes da iluminação.
certamente vestirei um acto inútil,
perderei do sentido a noção.
ouve-me,
ainda que as esferas no meu sangue se esbarrem, o vento
continua a empurrar as aves
que conduzem trenós, e a ternura é veloz.
mariagomes
7 de Set.2005
sábado, setembro 03, 2005
o amor
os levantes vêm do fim.
é assim o amor, ondulação lírica
na língua
inexplicável do fogo.
um roubo.
mariagomes
3set.2005
sexta-feira, setembro 02, 2005

"a Poesia é a confissão sincera do Pensamento mais íntimo de uma idade"
Antero de Quental
(In Prosas I, p.306, Coimbra, Imprensa da Universidade)
*Antero de Quental (1842-1891) nasceu em Ponta Delgada, Açores. Frequentou a Universidade de Coimbra, tendo passado depois algum tempo em Paris. Viajou pelos Estados Unidos e Canadá, fixando-se em Lisboa. Pertenceu à à chamada Geração de Setenta, grupo que pretendia renovar a mentalidade portuguesa, e participou nas Conferências do Casino. Foi amigo, entre outros, de Eça de Queirós e Oliveira Martins. Atacado por uma doença do foro psiquiátrico, regressa aos Açores onde se suicida. As suas obras vão da poesia à reflexão filosófica: Raios de Extinta Luz, Odes Modernas, Primaveras Românticas, Sonetos, Prosas e Cartas.
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Acerca de mim

- mariagomes
- Podes entrar ; tenho as mãos para dizer o disperso canto das águas. Os meus olhos, alagados pelo grito das árvores, são lúcidos ao início do sol. Com o amor das coisas, rejubilo e lanço os braços a um rodopio doce e futuro, a uma tempestade humana. Tudo o que eu espero é sentir o elo da criação que se move, entre mim e ti, e a claridade. ____________mariagomes
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