domingo, dezembro 07, 2008



talvez não saibas que amo as temperadas manhãs
que há um lugar que transcende os olhos
que atravessam sóis como baionetas de sangue

nunca te falei da infância de um acidulado relâmpago
nos passos
das pálpebras
das palavras
de um dever profundo
houve uma rosa submersível condenada à água
e lábios fortíssimos azuis
e faróis perdidos em profusão em chamas

sabes? quando pousei as mãos senti partir o cântico dos mares


chamei por ti.

mariagomes
dez, 2008



3 comentários:

Fred Matos disse...

Ótimo poema, Maria.
Beijos

Anónimo disse...

Chamar,
eternamente que seja,
é ouvir o Cântico, afinal,
senti-lo,
perto ou na distância.
É seguirmos a esperança
que nos ampara.
É caminhar.

Obrigado, Caríssima Poetisa, por mais esta partilha. Sérgio

BAR DO BARDO disse...

Acho que estou lendo a bíblia... No bom sentido que isso possa ter...

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Podes entrar ; tenho as mãos para dizer o disperso canto das águas. Os meus olhos, alagados pelo grito das árvores, são lúcidos ao início do sol. Com o amor das coisas, rejubilo e lanço os braços a um rodopio doce e futuro, a uma tempestade humana. Tudo o que eu espero é sentir o elo da criação que se move, entre mim e ti, e a claridade. ____________mariagomes
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