"Abre a romã, mostrando a rubicunda Cor,com que tu, rubi, teu preço perdes; (...........)" Luis Vaz de Camões, Os Lusíadas,IX,59
sábado, janeiro 31, 2009
Respondendo ao repto que me foi lançado por Ana Cecília do blogue Casulo Temporário transcrevo a 6ª linha, na página 161, de uma antologia de poesia moçambicana do poema “ Deixa passar o meu povo” de Noémia de Sousa. Posteriormente alinhavei uns versos.
Convido, agora, para esta ciranda o Fred Matos, a Gabriela Gouveia, o José Ribeiro Marto e o Henrique Pimenta. Leiam a 6ª linha da página 161 do livro que esteja mais próximo de vós transcrevam-na e… escrevam.
“abro-me e deixo-me embalar…”(1)
pela saudade da clareira que acende o meu povo
naquele oriente vago profuso
impelindo a noite que lhe lavou o rosto
e refulge
num suave ramo lunar
mariagomes
(1) Noémia de Sousa
sexta-feira, janeiro 30, 2009
sábado, janeiro 24, 2009
domingo, janeiro 18, 2009
terça-feira, janeiro 13, 2009
domingo, janeiro 11, 2009
sábado, janeiro 10, 2009
não há poesia
Disse num poema intitulado a metamorfose da voragem que - não há poesia - e dizendo-o, duvidei do que disse. Que dualidade! se quiserem, que incongruência…
Não me quero alongar em mera retórica, pretendo somente a concisão de uma consciência poética (a minha) num tema, num tempo tão explosivo quanto este : ‘ Poesia, Poeta e Poema’.
Se não há poesia, onde se projecta o poeta e o poema? Em que dimensão habita o sopro? Tocará ele, como afirma T.S Eliot, ‘a orla daqueles sentimentos que só a música pode expressar’?
Essa orla, essa fronteira, puramente sensível, puramente primeira, imaterial amplia-se entre o antes e o depois como o crisol ardente da emoção criadora
__e concomitante roda 'no selim da infância '(1) entre a natureza e o espírito devorador do significante e do significado de que se apropria, com a insígnia da voz.
E esse ‘ser primitivo‘, que é o poeta (como definiu Eugénio de Andrade) integra-se numa relação íntima, sucedâneo de um cosmos que se nos diz ‘num pequeno mundo cheio de amor.’ (2)
Talvez a poesia ande num pequeno mundo cheio de amor! e seja na noite, aquela ondulação que contagia o corpo e submerge o mar, que o mar ainda é a matéria de migrantes missivas
__e a poesia, o invisível.
Eu não vejo a poesia. Vislumbro um lugar 'onde ninguém pode poisar a cabeça' (3), onde a palavra se faz coisa: átomo, grito, canto, grifo do silêncio… manifestação do mundo recriando o mundo, arremesso da pupila deslocando o azul do sol
__e o sortilégio do infinito que estanca o rosáceo sangue de um austro.
Eu não vejo a poesia. Vislumbro os levantes, a luz das densas falésias na oferenda das mãos que recolhem a cidade real, e perguntam:
__Onde vive a poesia?
Não sei!... Isto só ao verbo é permitido responder, ao tecido dos homens, ao que 'apartado nele nos seja presente' (4)
Eu admito, apenas, que viceja na alfaia de um ovo, na espiga de um lírio, ou na meda de um cântico ungido.
...
não sei, meus amigos, o que fazer da minha poesia.
o que fazer do que antecede, do que digo.
do que é excessivo, às vezes, como uma lâmpada alegre.
estou presa num poema.
estou prestes a explodir em espuma.
procuro um lugar…. os olhos, a parede…
vou pendurar a minha poesia nos olhos da parede.
vai escorrer pela cal húmida
vai desfazer as mãos redondas das lágrimas.
depois, quando não mais houver, sem o olhar,
sento-me num degrau qualquer de magnólias,
e acaricio-as como se ali nascesse o mar.**
mariagomes
III Bienal de Poesia, em Silves, abril de 2008
1) Ruy Duarte de Carvalho in Lavra , “poesia reunida’
2) Ruy Belo,p.81 cap- ‘ particular configuração da palavra arte, Na Senda da Poesia’
3)Ruy Belo, “ Na senda da Poesia
4) Léon L. de, op cit., p.399. in cap ‘-particular configuração da palavra arte, Na Senda da Poesia’, Ruy Belo
**Maria Gomes ' o lugar da poesia' a José A. Gonçalves in memoriam
e a José Félix
Não me quero alongar em mera retórica, pretendo somente a concisão de uma consciência poética (a minha) num tema, num tempo tão explosivo quanto este : ‘ Poesia, Poeta e Poema’.
Se não há poesia, onde se projecta o poeta e o poema? Em que dimensão habita o sopro? Tocará ele, como afirma T.S Eliot, ‘a orla daqueles sentimentos que só a música pode expressar’?
Essa orla, essa fronteira, puramente sensível, puramente primeira, imaterial amplia-se entre o antes e o depois como o crisol ardente da emoção criadora
__e concomitante roda 'no selim da infância '(1) entre a natureza e o espírito devorador do significante e do significado de que se apropria, com a insígnia da voz.
E esse ‘ser primitivo‘, que é o poeta (como definiu Eugénio de Andrade) integra-se numa relação íntima, sucedâneo de um cosmos que se nos diz ‘num pequeno mundo cheio de amor.’ (2)
Talvez a poesia ande num pequeno mundo cheio de amor! e seja na noite, aquela ondulação que contagia o corpo e submerge o mar, que o mar ainda é a matéria de migrantes missivas
__e a poesia, o invisível.
Eu não vejo a poesia. Vislumbro um lugar 'onde ninguém pode poisar a cabeça' (3), onde a palavra se faz coisa: átomo, grito, canto, grifo do silêncio… manifestação do mundo recriando o mundo, arremesso da pupila deslocando o azul do sol
__e o sortilégio do infinito que estanca o rosáceo sangue de um austro.
Eu não vejo a poesia. Vislumbro os levantes, a luz das densas falésias na oferenda das mãos que recolhem a cidade real, e perguntam:
__Onde vive a poesia?
Não sei!... Isto só ao verbo é permitido responder, ao tecido dos homens, ao que 'apartado nele nos seja presente' (4)
Eu admito, apenas, que viceja na alfaia de um ovo, na espiga de um lírio, ou na meda de um cântico ungido.
...
não sei, meus amigos, o que fazer da minha poesia.
o que fazer do que antecede, do que digo.
do que é excessivo, às vezes, como uma lâmpada alegre.
estou presa num poema.
estou prestes a explodir em espuma.
procuro um lugar…. os olhos, a parede…
vou pendurar a minha poesia nos olhos da parede.
vai escorrer pela cal húmida
vai desfazer as mãos redondas das lágrimas.
depois, quando não mais houver, sem o olhar,
sento-me num degrau qualquer de magnólias,
e acaricio-as como se ali nascesse o mar.**
mariagomes
III Bienal de Poesia, em Silves, abril de 2008
1) Ruy Duarte de Carvalho in Lavra , “poesia reunida’
2) Ruy Belo,p.81 cap- ‘ particular configuração da palavra arte, Na Senda da Poesia’
3)Ruy Belo, “ Na senda da Poesia
4) Léon L. de, op cit., p.399. in cap ‘-particular configuração da palavra arte, Na Senda da Poesia’, Ruy Belo
**Maria Gomes ' o lugar da poesia' a José A. Gonçalves in memoriam
e a José Félix
Diegos Jesús Jiménez
“El verdadero poeta lo que hace es intentar extraer la poesía de la realidad, no verter poesía sobre la realidad porque lo que se hace es una poesía literaria. Hay que mirar la vida con ojo poético. Embadurnar con poesía la realidad es muy fácil, lo hace cualquiera con lecturas y un poco de sensibilidad. El camino contrario, extraer poesía de la realidad es lo complicado.” […]
Diego Jesús Jiménez
Entrevista, 2008
in Artes Poéticas
sexta-feira, janeiro 09, 2009
quarta-feira, janeiro 07, 2009
terça-feira, janeiro 06, 2009
segunda-feira, janeiro 05, 2009
Subscrever:
Mensagens (Atom)
Arquivo do blogue
-
▼
2009
(64)
-
▼
janeiro
(18)
- Respondendo ao repto que me foi lançado por Ana Ce...
- A poesia é um eco que convida uma sombra para danç...
- Sem título
- não é fácil entrar em janeirosentir o coro amotina...
- dou ao mar a gravidade dos meus lábiosa pueril ima...
- Je ne supporte pas d'être moi, je m'invente. Joë...
- na remota ilha de meus vagos anseios,as minhas mão...
- cobre-me tu, alma!diz-me a que mar pertence a fibr...
- "O homem foge da sua sombra anterior para a sua lu...
- Sem título
- não há poesia
- Diegos Jesús Jiménez
- Sem título
- eu nada sei do amor no preâmbulo das asaseu nada s...
- e há rosas de sal e rios lógicos possuídose há tam...
- onde teu rosto se inscreve em seda e ouro,onde, em...
- Léo Ferré - " La solitude"
-
▼
janeiro
(18)
Acerca de mim

- mariagomes
- Podes entrar ; tenho as mãos para dizer o disperso canto das águas. Os meus olhos, alagados pelo grito das árvores, são lúcidos ao início do sol. Com o amor das coisas, rejubilo e lanço os braços a um rodopio doce e futuro, a uma tempestade humana. Tudo o que eu espero é sentir o elo da criação que se move, entre mim e ti, e a claridade. ____________mariagomes
Links
- A arquitectura das palavras
- a luz do voo
- A Palavra e o Canto
- A Teia de Aranha
- aguarelas de Turner
- ALI_SE
- Amazonic Haijin
- amoralva
- Angola, Debates & Ideias
- Ao Longe os Barcos de Flores
- ArteLetras
- Assimetria Do Perfeito
- Associação José Afonso
- Bar do Bardo
- canto.chão
- Casa Museu João de Deus
- Casulo Temporário
- Coisas do Chico
- Coisas para fazer com palavras
- Colóquio Letras
- Contra a Indiferença
- Daniel Faria
- dias felizes
- Diário Poético
- Do Inatingível e outros Cosmos
- emedemar
- Escrevinhamentos
- Estrela da Madrugada
- Eu,X.Z.
- Extensa Madrugada, Mãos Vazias
- Fundação Eugénio de Andrade
- Harmonia do Mundo
- InfinitoMutante
- Inscrições
- Inscrições
- Jornal de Poesia
- José Afonso
- josé saramago
- Linha de Cabotagem III
- Local & Blogal
- Luiz Carlos de Carvalho
- meia-noite todo dia
- Nas horas e horas meias
- nas margens da poesia
- naturezaviva
- No Centro do Arco
- O Arco E A Lira
- O mar atinge-nos
- O pó da Escrita
- Odisseus
- Ofício Diário
- Ombembwa Angola
- ParadoXos
- Poema Dia
- POEMARGENS
- Poesia de Vieira Calado
- Poesia Dos Dias úteis
- Poesia Sim
- Poeta Salutor
- Poetas del Mundo
- Revista Agulha
- Rolando Revagliatti
- Rosangela_Aliberti
- Sambaquis
- Stalingrado III
- Sulmoura
- TriploV
- tábua de marés
- Umbigo do Sonho
- Vá andando
- Xavier Zarco