quarta-feira, janeiro 07, 2009


e há rosas de sal e rios lógicos possuídos
e há também caminhos num mover de pedras
e o espanto do mar ao fundo
sonho ou vida ou artéria de fogo
ao acordar da hora obsidiante

este chão é meu
esta cidade nasceu algures das algas

de um quinhão
nos olhos para compensar a luz
da eternidade.

mariagomes
jan, 2009



4 comentários:

BAR DO BARDO disse...

Acho que o que agrada é o toque meio simbolista. Há também um lirismo extremado, sem ser piegas, difícil isso por hoje. Você é uma iluminada! Falando em luz, você recebeu uma homenagem na minha humílima página. Mais um poema bom, o seu!

Anónimo disse...

Maria,

esse chão poderá não ser meu,
mas sou, luz, nas suas palavras.

beijos
Feliz Ano Novo!

Anónimo disse...

Tentei pintar, com os seus três primeiros versos, a paisagem..., reinventá-la, talvez, mas não consigo acabar a tela.
Como o «acordar da hora»... encontro-me cercado. Os muros em meu redor, que tento derrubar desde que nasci, estão implantados em caboucos profundos.
Talvez um dia, quando a terra me tiver em sepulcro de maior fundura, eu possa finalmente libertar-me dos velhos revelins, para emergir do mar e dar à praia, à terra onde o chão também será meu, e, livre, seja então capaz de concluir o quadro.

Obrigado Cara Poetisa, por mais esta partilha.
Um BOM ANO

Adriana Godoy disse...

Muito belo e bem construído o seu poema. Gostei do seu espaço. Abraço.

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Podes entrar ; tenho as mãos para dizer o disperso canto das águas. Os meus olhos, alagados pelo grito das árvores, são lúcidos ao início do sol. Com o amor das coisas, rejubilo e lanço os braços a um rodopio doce e futuro, a uma tempestade humana. Tudo o que eu espero é sentir o elo da criação que se move, entre mim e ti, e a claridade. ____________mariagomes
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