porque também se escreve com o olhar...
mariagomes
30.Nov.2005
"Abre a romã, mostrando a rubicunda Cor,com que tu, rubi, teu preço perdes; (...........)" Luis Vaz de Camões, Os Lusíadas,IX,59
quarta-feira, novembro 30, 2005
domingo, novembro 27, 2005
....
"Se os espíritos de Homero, Virgílio, Al-Maary* e Milton soubessem que a poesia se tornaria uma mascote dos ricos, teriam abandonado o mundo onde isto pudesse acontecer.
Magoa-me ouvir a linguagem dos espíritos tagarelada pelas línguas dos ignorantes. Flagela-me a alma ver os vinhos das musas fluir nas penas dos fingidores.
E não estou sozinho neste vale da Ofensa. Digamos que sou um entre muitos que vêem o sapo inchado imitar o búfalo.
A poesia, meus caros amigos, é uma incarnação sagrada de um sorriso. A poesia é o suspiro que seca as lágrimas. A poesia é um espírito que habita a alma, cujo alimento é o coração e cujo vinho é o afecto. A poesia que não tenha essa forma é um falso messias.
Ó espíritos dos poetas, que velam por nós, dos céus da Eternidade, nós dirigimo-nos aos altares que vocês adornaram com as pérolas dos vossos pensamentos e as jóias das vossas almas porque o estrondo do metal e o ruído das fábricas nos oprime. Por isso os nossos poemas são pesados como locomotivas e irritantes como apitos de vapor.
E vós, verdadeiros poetas, perdoai-nos. Nós pertencemos ao Novo Mundo onde os homens perseguem os bens materiais; e também a poesia se tornou um bem de consumo, e não um sopro de imortalidade."
* Um poeta árabe do século IX que ficou cego com quatro anos e era considerado um génio
Kahlil Gibran
de poetas e poemas,
in" Pensamentos e meditações"
pag 94, 95
edições pergaminho
"Se os espíritos de Homero, Virgílio, Al-Maary* e Milton soubessem que a poesia se tornaria uma mascote dos ricos, teriam abandonado o mundo onde isto pudesse acontecer.
Magoa-me ouvir a linguagem dos espíritos tagarelada pelas línguas dos ignorantes. Flagela-me a alma ver os vinhos das musas fluir nas penas dos fingidores.
E não estou sozinho neste vale da Ofensa. Digamos que sou um entre muitos que vêem o sapo inchado imitar o búfalo.
A poesia, meus caros amigos, é uma incarnação sagrada de um sorriso. A poesia é o suspiro que seca as lágrimas. A poesia é um espírito que habita a alma, cujo alimento é o coração e cujo vinho é o afecto. A poesia que não tenha essa forma é um falso messias.
Ó espíritos dos poetas, que velam por nós, dos céus da Eternidade, nós dirigimo-nos aos altares que vocês adornaram com as pérolas dos vossos pensamentos e as jóias das vossas almas porque o estrondo do metal e o ruído das fábricas nos oprime. Por isso os nossos poemas são pesados como locomotivas e irritantes como apitos de vapor.
E vós, verdadeiros poetas, perdoai-nos. Nós pertencemos ao Novo Mundo onde os homens perseguem os bens materiais; e também a poesia se tornou um bem de consumo, e não um sopro de imortalidade."
* Um poeta árabe do século IX que ficou cego com quatro anos e era considerado um génio
Kahlil Gibran
de poetas e poemas,
in" Pensamentos e meditações"
pag 94, 95
edições pergaminho
quinta-feira, novembro 24, 2005
quarta-feira, novembro 23, 2005
quando em mim nada houver, imaginai o incenso nu;
a intensidade de um violino a ouvir o sol
na cidade azul dos homens que, como nós, são de corda.
imaginai, meus filhos, o retorno -
uma festa cada vez mais inacessível, alucinada pelo ouro
do ritual da tempestade.
no fim, vivendo uma pedra branca, branca.
mariagomes
21/23.nov.2005
a intensidade de um violino a ouvir o sol
na cidade azul dos homens que, como nós, são de corda.
imaginai, meus filhos, o retorno -
uma festa cada vez mais inacessível, alucinada pelo ouro
do ritual da tempestade.
no fim, vivendo uma pedra branca, branca.
mariagomes
21/23.nov.2005
terça-feira, novembro 22, 2005

....
"Ainda que a propriedade, bem entendida, se não deva nunca transgredir, quer empregando palavras com sentidos que naturalmente lhes não competem, quer usando de modos de dizer que não são próprios da língua, ainda assim, há que reparar que é legítimo violar as mais elementares regras da gramática - no estilo expositivo ou no artístico- se com isso ou a ideia ganha clareza ou firmeza, ou à frase se enriquece o seu conteúdo de sugestão. Se determinado efeito, lógico ou artístico, mais fortemente se obtém do emprego de um substantivo masculino apenso a substantivo feminino, não deve o autor hesitar em fazê-lo.
....
A linguagem fez-se para que nos sirvamos dela, não para que a sirvamos a ela."
Fernando Pessoa
in "A Língua Portuguesa"
pag, 72, 73
edição Assírio & Alvim
sábado, novembro 19, 2005
o sangue eterno
Oh noite infinita,
cuja vertigem eleva o sangue eterno da floresta,
as aves desabaram, virgens.
sobre a tarde,
o céu purpúreo coroado com um dilúvio de penas,
concentrou, na imagem, o gelo permeável dos tendões.
agora, as tuas mãos depuram minhas formas ancestrais.
mariagomes
19 de Nov.2005
cuja vertigem eleva o sangue eterno da floresta,
as aves desabaram, virgens.
sobre a tarde,
o céu purpúreo coroado com um dilúvio de penas,
concentrou, na imagem, o gelo permeável dos tendões.
agora, as tuas mãos depuram minhas formas ancestrais.
mariagomes
19 de Nov.2005
sexta-feira, novembro 18, 2005
quinta-feira, novembro 17, 2005

"perdi as funções com que fui programado em criança, sou agora um homem sem fé. o que não compreendo torna-se para mim obscuro e muitas vezes surrealista. neste trabalho, as minhas fotografias são quase sempre um espelho da minha perda e do meu vazio."
direitos reservados ao autor, nelson d'aires
quarta-feira, novembro 16, 2005
segunda-feira, novembro 14, 2005
domingo, novembro 13, 2005
DEFINIÇÃO
"Por cultura entendo a mais intensa vida interior, a de mais batalha, a de mais inquietação, a de mais ânsia ."
Miguel de Unamuno
Miguel de Unamuno
sábado, novembro 12, 2005
Le Chant de Virgile

La musique des flûtes et des lyres
se mêle au bruit des crécelles et
les voix des jeunes chatent un chant sacré:
um son merveilleux et puissant s'élève
vers les cieux qui réjuit les dieux.
Sappho de Lesbos
os poetas da Antiquidade na música da Renascença
edição harmonia mundi, s.a., 2001
sexta-feira, novembro 11, 2005
quinta-feira, novembro 10, 2005
terça-feira, novembro 08, 2005
em pedra, a minha coroa

( Quinta das Lágrimas, 7.Nov.2005, Coimbra)
para haver uma árvore, lançarei a terra à tua luz;
o orvalho fulminante
agarrado secretamente ao lume.
depois, irromperá a folha
da impressão de um ramo doce e nu.
como tu, Inês, eu peço que talhem, em pedra,
a minha coroa
no pecado que propaga o linho, na fonte trigueira;
no gume da humanidade que ainda se transfigura,
para haver uma árvore.
mariagomes
out/nov.2005
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Acerca de mim

- mariagomes
- Podes entrar ; tenho as mãos para dizer o disperso canto das águas. Os meus olhos, alagados pelo grito das árvores, são lúcidos ao início do sol. Com o amor das coisas, rejubilo e lanço os braços a um rodopio doce e futuro, a uma tempestade humana. Tudo o que eu espero é sentir o elo da criação que se move, entre mim e ti, e a claridade. ____________mariagomes
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