sexta-feira, dezembro 30, 2005

"Genus irritabile vatum"
"Expresión de Horacio " ("Epístolas")


La poesía no es confiable:
es poesía.

*

No siendo poesía
la mala poesía
es confiable.

*

Si un poema no llega a ser un poema
no es un poema:
es lo que es

Un verdadero poema no es lo que es.

*

El poeta previsible
no es invisible
Al ser visible
no es poeta.


Rolando Revagliatti

"La raza irritable de los poetas", 1999

domingo, dezembro 25, 2005


menino jesus dá-nos a solicitude plena dos violoncelos - o repouso.


mariagomes
25 Dez.2005

sábado, dezembro 24, 2005

Um bom Natal


Angola, Uíge, 1991, pau preto, in Pública, " presépios do mundo"

quinta-feira, dezembro 15, 2005


( Hellenic Festival, 31 Aug.01, Ancient Theatre of Epidaurus)



agora só as árvores me dirigem

neste quase inverno mudaram a nudez da minha boca

sou uma pessoa resumida às árvores
sou uma folha


vejo uma flor eterna a cair
e chamo-a

inclino-me sobre a minha pele porque murmurei um nome

vê meu amor esta música não pára de subir.

mariagomes
14/15 de Dez.2005



nota- este poema deve ser lido com o acompanhamento da faixa musical nº 2) Lamentu I do cd Eurípedes Trojan Women, música de Eleni Karaindrou da ECM Records, 2002, cuja capa é exibida na foto)
mariagomes

terça-feira, dezembro 13, 2005


parque da cidade dr. manuel braga, coimbra, fotografia de mariagomes, 13 dez.05

segunda-feira, dezembro 12, 2005




quando a tua outra face tinha o futuro dentro de uma giesta
as coisas ouviam-se nos teus olhos
divinas
com subtérrea liberdade

eram um pranto o poético dos prados
e no entanto calei mais do que a morte fui a sombra a infância
dos sinos

em cada hora o sol é a memória mais longa que te cabe.


mariagomes
dez.2005



quarta-feira, dezembro 07, 2005

nunca é tarde mãe
as lâmpadas enternecem a noite do meu corpo

ainda minto ainda brinco na estria espacial chamo por ti

como o gelo que flameja convida-me um epitáfio escrevo o sono das aves que em mim poisam.


mariagomes
7 Dez.2005, 19 h.

segunda-feira, dezembro 05, 2005

esta voz que persegue como a pedra
que te escreve

esta voz ecoa no caminho
no que foi ternura
  • flor
  • luar
  • clausura

piano dentro da palavra.

mariagomes
5dez.2005

sábado, dezembro 03, 2005

olha,há mais do que a lucidez da água batendo nos escombros,
terrífica.

não consigo escrever, a palavra é feita de um peixe azul.
em consenso inútil,
o mar fica-se pelo tempo que me percorre

e a humildade da cinza.

devolvo-te a voz.

mariagomes
dez.2005

sexta-feira, dezembro 02, 2005

"A doutrina romântica de uma Musa inspiradora dos poetas foi a que professaram os clássicos; a doutrina clássica do poema como uma operação de inteligência foi enunciada por um romântico, Poe, por volta de 1846. O facto é paradoxal. Excepto alguns casos isolados de inspiração onírica - o sonho do pastor foi referido por Beda, o ilustre sonho de Colidge -, é evidente que ambas as doutrinas têm o seu quê de verdadeiro, embora correspondam a diversa fases do processo. ( por Musa devemos entender aquilo a que os Hebreus e Milton chamaram o Espírito e a que a nossa triste mitologia chama o Subconsciente). No que me diz respeito, o processo é mais ou menos variável. Começo por avistar uma forma, uma espécie de ilha remota, que será depois um conto ou uma poesia. Vejo o fim e vejo o princípio, não o que se encontra entre os dois. Isso é-me revelado gradualmente, quando os astros ou o acaso são propícios. Por mais de uma vez tenho de desbravar o caminho pela zona da sombra. Tento intervir o menos possível na evolução da obra. Não quero que a distorçam as minhas opiniões, que são o mais frívolo que temos. O conceito de arte comprometida é uma ingenuidade, porque ninguém sabe ao certo o que executa. Um escritor, admitiu Kliping, pode conceber uma história, mas não penetrar na sua lição moral. Deve ser leal à sua imaginação e não às meras circunstâncias efémeras de uma suposta “realidade”.
A literatura parte do verso e pode levar séculos a discernir a possibilidade da prosa. Ao fim de quatrocentos anos, os Anglo- Saxónicos deixaram-nos uma poesia não poucas vezes admirável e uma prosa apenas explícita. A palavra, teria sido no princípio um símbolo mágico, que a usura do tempo gastaria. A missão do poeta seria restituir à palavra, mesmo parcialmente, a sua primitiva e agora oculta virtualidade. Dois deveres teria qualquer verso: comunicar um facto preciso e tocar-nos fisicamente como a vizinhança do mar. Eis um exemplo de Vergílio:

'Sunt lacrymae rerum et mentem mortalia tangunt'

Um de Meredith:

'Not till the fire is dying in the grate
Look we for any kinship with the stars.'

Ou este Alexandrino de Lugones, cujo espanhol quer regressar ao latim:

'El hombre numeroso de penas y de días.'

Tais versos perseguem na memória o seu caminho de mudanças.

Ao fim de tantos anos – e demasiados – anos de exercício e de literatura, não professo uma estética. Para quê acrescentar aos limites naturais que nos impõe o hábito os de uma teoria qualquer? As teorias, tal como as convicções de ordem política ou religiosa, não são mais do que estímulos. Variam para cada escritor. Whitham teve razão ao negar a rima; essa negação teria sido uma insensatez no caso de Hugo.
Ao percorrer as provas deste livro, noto com algum desagrado que a cegueira ocupa um lugar queixumoso que não ocupa na minha vida. A cegueira é uma clausura, mas também é uma libertação, uma solidão propícia às invenções, uma chave e uma álgebra."


Buenos Aires, Junho de 1975

Jorge Luís Borges


in “ A rosa profunda”
Obras completas. Vol.III
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Podes entrar ; tenho as mãos para dizer o disperso canto das águas. Os meus olhos, alagados pelo grito das árvores, são lúcidos ao início do sol. Com o amor das coisas, rejubilo e lanço os braços a um rodopio doce e futuro, a uma tempestade humana. Tudo o que eu espero é sentir o elo da criação que se move, entre mim e ti, e a claridade. ____________mariagomes
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