quinta-feira, junho 09, 2005

os passos que inventei


falta-me tudo, meu amor.
os passos que inventei, a vã promessa
na livre circulação do outono.
a provável mesura de cisnes
que devagar visitam as águas.

eu fui uma cidade sumária,
uma passagem para a exaltação da raiz.

como fase alternativa,
um roteiro que empurrava flamingos

para a fatalidade do ardil.
deixei viver os móveis, a dureza soberana,
o espinho na floreira,
o lado escuro da gravidade
do corredor
em que homens e mulheres caíam sem destino.


não coleccionei agulhas, nem selos febris, nem fenómenos.
só poemas, que morriam prematuramente a meus olhos.

mariagomes
9,junho.2005

1 comentário:

Anónimo disse...

"não coleccionei agulhas, nem selos febris, nem fenómenos.
só poemas, que morriam prematuramente a meus olhos."

ah, como gotsaria de ter escrito esse poema e sobretudo esses versos...
vou roubá-los pra mim, tá?
um beijo grande daqui, amiga, onde é outono.

Powered By Blogger

Arquivo do blogue

Acerca de mim

A minha foto
Podes entrar ; tenho as mãos para dizer o disperso canto das águas. Os meus olhos, alagados pelo grito das árvores, são lúcidos ao início do sol. Com o amor das coisas, rejubilo e lanço os braços a um rodopio doce e futuro, a uma tempestade humana. Tudo o que eu espero é sentir o elo da criação que se move, entre mim e ti, e a claridade. ____________mariagomes
Estou no Blog.com.pt

Free Site Counters



Free Site Counters