sexta-feira, agosto 27, 2004

o lugar da poesia*




*ao josé a. gonçalves e ao josé félix


não sei, meus amigos, o que fazer da minha poesia.
o que fazer do que antecede, do que digo ,
do que é excessivo, às vezes, como uma lâmpada alegre.
estou presa num poema.
estou prestes a explodir em espuma.
procuro um lugar. os olhos, a parede.
vou pendurar a minha poesia nos olhos da parede.
vai escorrer pela cal húmida.
vai desfazer as mãos redondas das lágrimas.
depois, quando não mais houver, sem o olhar,
sento-me num degrau qualquer de magnólias
e acaricio-as como se ali nascesse o mar.

mariagomes

ag.2004

2 comentários:

JPN disse...

fabuloso.
"estou presa num poema" começou logo a sugerir-me uma história. vi uma vidraça, um leitor que se aproxima do poema, alguém lá dentro detido, retido, esperando que de fora alguém o libertasse. e, quando isso acontecia, o de fora tornava-se dentro, e a maldição estendia-se ao libertador!

Anónimo disse...

belíssimo,maria gomes.


um beijo,


maria azenha

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Podes entrar ; tenho as mãos para dizer o disperso canto das águas. Os meus olhos, alagados pelo grito das árvores, são lúcidos ao início do sol. Com o amor das coisas, rejubilo e lanço os braços a um rodopio doce e futuro, a uma tempestade humana. Tudo o que eu espero é sentir o elo da criação que se move, entre mim e ti, e a claridade. ____________mariagomes
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