( a meu filho)
A cidade adormeceu na encosta da consciência
dos homens de duplo olhar - angélico satânico.
Irreconhecível, corre o rio à margem de azuis;
as tuas lágrimas perfumam lírios!...
Como gritos sinto coisas aflorarem à memória:
- o copo, a chávena, o gosto infantil do leite bebido pelo pires...
o branco dos lençóis que se estendia até o sol corar o horizonte.
Nos canteiros, as videiras viviam em acidez adunca
as lavadeiras elevavam cânticos à sombra dos mamoeiros.
Era o tempo em que persistiam buganvílias a janelas fechadas
e os patos faziam voos rasantes ao superficial suicídio das acácias
num parecer de sangue manchando o céu aberto.
Seria um prenúncio ou a conjugação de cores que impressionava?
Sei que hoje, meu filho,
as árvores baleadas são acariciadas pelo tempo
que ostenta cicatrizes sem vitórias.
2002, Julho, coimbra.
mariagomes
"Abre a romã, mostrando a rubicunda Cor,com que tu, rubi, teu preço perdes; (...........)" Luis Vaz de Camões, Os Lusíadas,IX,59
quarta-feira, outubro 27, 2004
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1 comentário:
obrigada, Amigos, por me terem acompanhado neste regresso,
um beijo
maria
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