domingo, junho 24, 2012



nas mãos de minha mãe, uma papoila...

consumada a noite, meus olhos não possuem mais
a luz de teus olhos,
nem uma palavra marítima!
o que dói é o irreal dos astros,
o que foi nosso alucinadamente...
a certeza de que sonhámos com o trilho do mel,
com o veludo das aves, com a ondulação limpa.



___________mariagomes
jun, 2012

a noite cai como um sonho;
a noite é uma alva canção que se desenha,
uma pupila implantando o mar.
a noite é a musicalidade do amor, a transparência exacta,
a tua mão, a minha mão, o teu corpo, o meu olhar.

__________mariagomes
junho, 2012

não consigo libertar-me do teu corpo; nos teus olhos
cintila a paz dos navios eternos;
em ti eu sou a luz a utopia
a inebriar a noite solar,
em teu rumor afago a rebeldia das canções
que febrilmente existem
como o mar existe
e a ternura existe.

_________mariagomes

Maio, 2012

Silencio e canto a beatitude do teu corpo,
na liquidez das formas,
para que a paisagem se desnude
num elemento puro, em sua secreta aura.

A flor nascida, a onda, a vida, o vento, o espanto,
silencio e canto.


________mariagomes
13,Maio, 2012

sábado, junho 23, 2012



não são as aves que eu procuro
é a eternidade
entre os rios e as tuas mãos
e as palavras imaginadas no coração dos deuses.

_______________mariagomes


quinta-feira, março 22, 2012

quarta-feira, fevereiro 08, 2012



Semeio a brisa, o tempo,
ao crepúsculo, lírios,
minha mãe,
que vivem no precipício que não finda.
Semeio o que vive e o que não vive.
Sou livre inundando a candura da voz,
do punho,
da terra do sangue, e da neve.
Sou livre, numa inquietação, amando a neve,
e os homens, meus irmãos, que partilham o sonho, o vento
e o trigo.
Sou livre, minha mãe!...

_______________mariagomes
 8, Fev, 2012

terça-feira, fevereiro 07, 2012




Regresso à nudez das águas, aos barcos acesos,
percorro na noite da vigília das árvores,
o gosto pelo tumulto piramidal da sede...
Regresso às miragens, ao fulgor da ferida.

Eu canto o amor,
eu canto a lua nascida de um salto mortal.


____________mariagomes
7,fev, 2012

segunda-feira, fevereiro 06, 2012

quarta-feira, fevereiro 01, 2012



É a hora do sol,  é a hora do silêncio que plantará a memória.
A tua mão ainda diz o amor, ainda se fortifica, sem limite, nas trevas,
ainda respira nas muralhas invisíveis.
As pálpebras detêm-se, sem que tu o queiras.
O mar é aqui uma constelação única, cunhada pela noite, pela infância.
O mar é a noite, e é a infância.
E é também um muro, uma pena, um pássaro.

____mariagomes
30, janeiro, 2012

sexta-feira, janeiro 27, 2012





é tão belo o linho que se acende ileso
na paisagem funda dos teus olhos!
tão leve a ilha que desata o azul,
tão natural o destino da chuva, 
e dos pássaros que chamam o fogo,
e que continuam devagar
como um oceano de sangue...

é tão ínvio este caminho, este deserto,
tão íntimo,  
tão intenso como a luz que te descobre!


____________ mariagomes

27, Janeiro, de 2012

quarta-feira, janeiro 25, 2012





é urgente a expedição da madrugada e de uma flor, é urgente o coração da poesia de combate.


___________mariagomes

domingo, janeiro 15, 2012

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sê como as aves e a viagem azul
a manhã virá do coração incompleto
de deus
na beleza das asas
nas águas bordadas

sê a alma do vento
e o silêncio que se ergue
lentamente ao amor
à flor do sangue
e do sal.



______mariagomes
15, Janeiro, 2012

Rôsinha




“Rôsinha
eu estar chatiado
não ir trabalhar.
Rôsinha
agente aôje vai amar.
_ Ouvi quirido
você sabe qui Chiquito
comeu manga verde
tem dor no barriga
agente aôje não vai amar.
Rôsinha
eli não vai chorar!
Eu vai comprar rimédio pra Chiquito
tu vai ver
eli ficar bom
eli ádi brincar.
Tira capulana Rôsinha
agente aôje vai amar!”



_____________________Calane da Silva
( n. Maputo, Moçambique 1945)
in “ dos meninos de Malanga”

domingo, janeiro 08, 2012






"Sempre tive a impressão de que a música fosse apenas o extravasamento de um grande silêncio."


_____________Marguerite Yourcenar

sexta-feira, janeiro 06, 2012



memória
mar
palavras que se soltam
palavras que pernoitam
sobre um rosto que muito cedo abrimos

mar
memória a florir.
__________mariagomes
6 jan2012

segunda-feira, janeiro 02, 2012



um dia chegarei ao silêncio dos teus lábios,
chegarei à lua exacta, à noite d’esplendor
e ouvirei cantar;

um dia, num dia único,
uma guitarra cortará o segredo,
meu amor,
da paz das lágrimas,
do mar que se esconde por detrás das tempestades.



___________________mariagomes

1 janeiro, 2012



domingo, dezembro 18, 2011








uma lágrima por Cesária.




"Morrer não é acabar, é a suprema manhã."

___________________________________Victor Hugo

sexta-feira, dezembro 09, 2011




Crava-se o sol no silêncio dos muros;
na noite blindada, no néon dos dias,
há mãos que se isolam
como águas claras,
libertando-se de todas as amarras.


Crava-se o sol no silêncio dos muros,
no desamor do tempo em que vivíamos.



_____________mariagomes
dez, 2011

quarta-feira, novembro 30, 2011




Abandonamos a memória das manhãs,
construímos crepúsculos de silêncio e de medo.

Na lisura das mãos, sobre ilhas,
sabendo que não há caminho para o amor
e para a raiva,
abandonamos o amor.

Testemunhamos a penumbra, o espanto,
abandonamos o corpo,
inarráveis.



mariagomes
nov,2011

segunda-feira, novembro 28, 2011


Não sei porque me caem as lágrimas!

Nenhum luar rompeu, na noite, a ondulação,
nenhum pássaro colheu o âmago da madrugada,
em nenhum poema se escreveu a ilusão do novo.

Rente ao tempo das límpidas tulipas,
como chamar-te se o teu nome não pode ser escrito,
sem o encanto do poente e do mundo,
sem o destino do olhar e da sede...

Não sei porque me caem as lágrimas!


mariagomes
nov, 2011

domingo, novembro 27, 2011

terça-feira, novembro 22, 2011

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[fotografia de mariagomes]

segunda-feira, novembro 21, 2011



Beethoven ouve-se nesta manhã, onde entras,
entregas o sol aos pássaros,
escreves o mais belo poema de amor _____



mariagomes
21,Nov 2011

sábado, novembro 19, 2011

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[ fotografia de mariagomes]

terça-feira, novembro 15, 2011


na tua boca, amor, a sede cresce conquistando a noite
na erosão dos nomes, na nudez das veias
e o fogo impõe-se ao pranto mortal
ao coração

na tua boca, o branco,
o branco através de tudo, amor,
através da alegria das árvores,
do vento
das superfícies ébrias,
das coisas
de um esplendor mais alto.

na tua boca, em repouso, amor,  as searas,
as obsessivas searas,
e o mar sempre novo.





______________mariagomes
nov, 2011

sábado, novembro 12, 2011


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[fotografia de mariagomes]

sexta-feira, novembro 11, 2011

terça-feira, novembro 08, 2011





"Ninguém alguma vez escreveu ou pintou, esculpiu, modelou, construiu ou inventou senão para sair do inferno."


______________Antonin Artaud

(fonte - Van Gogh, o Suicidado da Sociedade)


sexta-feira, novembro 04, 2011




Escrevo o teu nome;
Sei de cor os lagos que, sossegadamente, incidem sobre o infinito.
É como se andasse o sol do outono,
é a hora do invisível.
Concentro-me na sequiosa cópia de um sonho.
Imensa dor que me pede um deserto escrito por outros caminhos.

_______________mariagomes
nov, 2011

quarta-feira, novembro 02, 2011



Lembrei-me do poema de Drummond  intitulado "José", olhando para a delicada conjuntura política da Europa :


E agora MerkelSarkozi?
se os gregos sumirem
a noite esfriou
a festa acabou?


E agora MerkelSarkozi?
vossas doces palavras
vossa gula e jejum
vossa lavra de ouro?


Com a chave na mão
vocês querem abrir a porta
mas não existe porta...



Sozinhos no escuro
quais bichos do mato
sem teogonia
sem parede nua para se encostarem
sem cavalo que fuja a galope
vocês marcham MerkelSarkozi?
Para onde?

domingo, outubro 30, 2011

Nunca mais a morte crescendo como uma aurora viva.

Nunca mais a falésia à hora do crepúsculo,
o mistério de um planeta íntimo, irredutível.

Nunca mais a exactidão do odor, o azul,
nem a cúpula ou o tumulto do deserto.

Nunca mais a terra, a espera, o reino dos teus lábios,
ou o prodígio das tuas mãos na transparente onda
que respira.

Nunca mais o limbo, a luz e o esplendor,
nem o rio, a raiva ou o amor...

Nunca mais a lágrima
nos dedos divinos, marítimos da canção distante,
e os sinos,
oh os sinos!..



___________________mariagomes

out, 2011
Entreguei o coração à nudez do brilho mortal das aves;
mergulho, agora, na clareira, na sua voz inatingível.
Depois da morte procuro a pureza que se prolonga na memória,
como um corpo que voou de mim.

Oh condição terrena, oh rota do pensamento, vejo, nitidamente
o mamilo solar que cicia a paisagem!...
O mar bramindo imana o olhar da eternidade.



___________________mariagomes

Out, 2011
Podes entrar ; tenho as mãos para dizer o disperso canto das águas.
Os meus olhos, alagados pelo grito das árvores,
são lúcidos ao início do sol.
Com o amor das coisas, rejubilo e lanço os braços
a um rodopio doce e futuro, a uma tempestade humana.

Tudo o que eu espero é sentir o elo da criação que se move,
entre mim e ti, e a claridade.



_______________________mariagomes
 outubro de 2011

quarta-feira, outubro 19, 2011

"Perhaps all the dragons of our lives are princesses who are only waiting to see us once beautiful and brave. Perhaps everything terrible is, in its deepest being, something helpless that wants help from us.”


_____ Rainer Maria Rilke

segunda-feira, outubro 17, 2011

tu és a paz de um jardim puro, o olhar que se acende ao ritmo do mar;
tu és a palavra que irriga a harmonia do azul, a respiração, seu jogo de luzes;
tu és a primavera destes lábios, a floração, o bater das asas na noite,
na doce voz da noite que se escuta a tecer as lágrimas.



________ mariagomes

benguela, 17 de Out, 2011

sexta-feira, setembro 30, 2011

"Uma pitada de poesia é suficiente para perfumar um século inteiro."
 ___________José Martí

(Havana, 28 de Janeiro de 1853 — Dos Ríos, 19 de maio de 1895)

sexta-feira, setembro 23, 2011

quero o caminho das fronteiras livres,
numa crepitação única, o sítio das aves,
a alma, o regresso ao mar,
o branco da noite...
quero o que ainda respira, indistinto,
quero uma falésia em flor,
o céu como uma promessa de sangue,
e finalmente, mãe,
as tuas mãos que ascendem às campânulas do amor!

mariagomes
23, Setembro 2011

quinta-feira, setembro 15, 2011

segunda-feira, setembro 12, 2011








Ela transporta-me para um reino de sonhos e lágrimas, para uma ilha plena de estrelas, para o poema eterno, para uma morte anunciada...
mariagomes

sábado, setembro 10, 2011


...faço "meus" os escritores, filósofos, poetas, ensaístas que me atiram para o tal ermo que diz Kafka __  “para longe de qualquer presença humana”...  eles pertencem-me, não como uma coisa, mas humanamente!.. o que sinto por eles pode ser descrito como amor.

mariagomes

Angola, Setembro de 2011

sexta-feira, setembro 09, 2011

quinta-feira, setembro 08, 2011

Arvo Pärt

deixar correr o céu
ser pássaro
abrir a mão à luz das borboletas
ao amor imenso


deixar correr o céu
ser flor e
asa


mariagomes
8 de Setembro de 2011

quinta-feira, julho 28, 2011

terça-feira, junho 28, 2011





"Sê como a árvore do sândalo, que perfuma até o machado que a corta"

____Rabindranath Tagore

quarta-feira, junho 15, 2011

sexta-feira, junho 03, 2011




existes na solar caligrafia dos pássaros,
na manhã que surge do apelo dos lugares mortais;
grito, prodígio, esplendor,
parto, ou sombra,
nua travessia onde o corpo é um cristal de fogo,
inenarrável,
...e fluis pela luz!...
nasces para o azul que, em mim, ficou escrito.

mariagomes
3 junho de 2011

sexta-feira, abril 15, 2011

domingo, fevereiro 13, 2011


Depois a pátria, o que ainda cultivamos,
o que se prende
e nos impele ao espanto...

Tudo isso, meu amor, é o nosso rosto,
nossos olhos invernais,
nossas veias desventradas como estátuas.



mariagomes
fev/ 2011


Haverá uma mariposa em teus lábios,
e o canto será longo como a cabeleira das casuarinas.
Na madrugada lisa de teu corpo arado
irás por um caminho de água
buscar o sol do outro lado!



mariagomes
fev, 2011

terça-feira, fevereiro 01, 2011


quando vejo o mar há uma várzea que secretamente se descobre
que dança e morre nesta luz
traço ou nuvem trigo ou lua
doce e triste
quando vejo o mar há uma música como um vale de silêncio
e lágrimas.

mariagomes
janeiro 2010

quarta-feira, janeiro 26, 2011

o mar é o meu umbigo o lugar do amor a única manhã.


mariagomes
26/ 01/ 2010

segunda-feira, janeiro 24, 2011

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fotografia de mariagomes

sábado, janeiro 22, 2011


(...) A mente é o homem, e o conhecimento é a mente; um homem é apenas aquilo que ele sabe. (...)

___ Francis Bacon,
n. Londres a 22 de Janeiro de 1561, f. Londres a 9 de Abril de 1626
in O Elogio do Conhecimento

quinta-feira, janeiro 20, 2011


Podes levar meus olhos iluminados de lágrimas.
Transporta, por favor o amor aos rios e aos búzios, à solidão,
à sede construída.
Dá um beijo a minha mãe.
Diz-lhe que estou mais perto da luz, da noite,
mais perto de uma flor com o coração
em sangue,
sobre os flancos chorando.

Podes levar meus olhos iluminados de lágrimas,
eu atingi a dor dos poentes.

mariagomes
janeiro/2011


sexta-feira, novembro 26, 2010

segunda-feira, novembro 15, 2010


Secreto é o dialecto das enseadas
seu som circundante
e as luas, e este amor ao sol e às areias nuas,
secreta é a pátria que segue ajoelhada
e as mãos que trazes no rosto

oh meu irmão
secreto é o perfume da água!


mariagomes
22 set,2010

domingo, agosto 22, 2010

...74 anos se passaram desde a sua morte. Foi assassinado num dia de Agosto de 1936 porque ele " seria mais perigoso com a caneta do que outros com o revólver".



domingo, julho 11, 2010

'Não impeças a música. Que música? Antes de mais, a deste concerto que é a vida humana, onde temos obrigatoriamente de ocupar o nosso lugar, pequeno ou grande. Não somos cigarras que gritam perdidamente nos ramos de pinheiro em longo dia de Verão. Devemos estar atentos ao que se passa à nossa volta: uma boa parte do nosso destino depende da sensibilidade do nosso ouvido, da qualidade da nossa inteligência e do virtuosismo dos nossos reflexos.'

Paul Claudel
(n. Villeneuve-sur-Fère-en-Tardenois 1868; m. Paris 1955)



sábado, maio 15, 2010

quarta-feira, maio 05, 2010


"As artes são o mais seguro meio de se esconder do mundo e são também o meio mais seguro de se unir a ele."
Franz Liszt

(n. Raiding 1811; m. Bayreuth 1886)






terça-feira, abril 27, 2010

ouvindo o verbo


Cravai, amigos,
abismos de espuma no meu peito,
numa embriaguez sem remédio.

Ide ao eco das algas,
ao labirinto dos ventos,
a janelas árduas, e
serenamente, afagai as trevas,
os sonhos leves,
vulcânicos,
porque me perdi, ouvindo
o verbo que atravessa a morte como um anjo vívido.

mariagomes
Abril, 2010


quinta-feira, abril 22, 2010

"Esta canção foi originalmente composta como um hino religioso por Enoch Sontonga, professor da missão metodista em Johannesburg, de etnia xhosa, em 1897. Em 1927 versos foram adicionados por Samuel E. Mqhayi, de etnia sesoto. Vista como um hino da luta contra o regime de segregação racial (apartheid), chegou a ser proibido sua execuçãopública por "exacerbar o nacionalismo bantu" indo contra a política oficial de desunir as tribos para dominá-las. Propositadamente cantada de modo tradicional e nas três línguas mais faladas pelos sul-africanos negros, se tornou a música símbolo da luta contra o racismo africano. É hoje parte do hino nacional da África do Sul e desde 1925 é hino do Congresso Nacional Africano."

quarta-feira, março 10, 2010

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fotografia de mariagomes



Não basta estender as mãos vazias para o corpo mutilado,
acariciar-lhe os cabelos e dizer: Bom dia, meu Amor. Parto
amanhã.

Não basta depor nos lábios inventados a frescura de um beijo
doce e leve e dizer: Fecharam-nos as portas. Mas espera

Não basta amar a superfície cómoda, ritual, exacta
nos contornos a que a mão se afeiçoa e dizer: A morte é o caminho.

Não basta olhar a Amante como um crime ou uma injúria e
apesar disso murmurar: Somos dois e exigimos.
Não basta encher de sonhos a mala de viagem, colocar-lhe as
etiquetas e afirmar: Procuro o esquecimento.

Não basta escutar, no silêncio da noite, a estranha voz distante,
entre ruídos de música e interferências aladas.

Não basta ser feliz.

Não basta a Primavera.

Não basta a solidão.


Daniel Filipe

in A invenção do amor e outros poemas,
Presença, colecção Forma, n.º1, 8.ª edição, 1994, pp. 43-44.


Entrevista a Roberto Fernandez Retamar

[...]

"Muchos piensan, apocalípticamente, que la poesía va a desaparecer, pues yo creo todo lo contrario, la poesía es cada vez más necesaria para el ser humano. Los poetas surgen por necesidad orgánica de la humanidad.

[...]


Roberto Fernandez Retamar

sábado, março 06, 2010

quinta-feira, fevereiro 25, 2010




"... le poéte est hors du langage, il voits les mots à l’envers, comme s’il n’appartenait pas à la conditions humaine et que, venant vers les homes, il recontrât d’abord la parole comme une barrier” Jean Paul Sartre


"… o poeta está fora da língua, vê as palavras ao contrário, como se não pertencesse à condição humana e, chegando junto dos homens, começasse por encontrar a palavra como uma barreira”

Jean Paul Sartre


trad. Alberto Pimenta
in " O silêncio dos Poetas"
Livros Cotovia


domingo, novembro 15, 2009

sábado, novembro 14, 2009


'Penso que podia modificar-me e viver com os animais,
eles são tão serenos e reservados,
quando me detenho a contemplá-los demoradamente,
alheios por condições e queixas e fadigas,
não estão acordados de noite a chorar os seus pecados
não me incomodam a discutir os seus deveres para com Deus,
nenhum está descontente, nenhum endoideceu
com a mania de possuir bens,
nenhum se ajoelha perante outro, nem perante
antepassados que viveram milhares de anos antes dele,
nenhum é respeitável ou infeliz perante o Universo inteiro. '

Walt Whitman

in "A conquista da felicidade", Bertrand Russel
Guimarães editores




terça-feira, outubro 06, 2009

La negra






"Mercedes Sosa (San Miguel de Tucumán, 9 de julho de 1935 — Buenos Aires, 4 de outubro de 2009) foi uma cantora argentina de grande apelo popular na América Latina. Com raízes na música folclórica argentina, ela se tornou uma das expoentes do movimento conhecido como Nueva canción. Apelidada de La Negra pelos fãs devido à ascendência amerindia (no exterior acreditava-se erroneamente que era devido a seus longos cabelos negros), ficou conhecida como a voz dos "sem voz".

in Wikipedia


sexta-feira, setembro 25, 2009

O Tormento de Deus ( Alain Bosquet)



Deus disse: "Se tal vos repugna,
não acrediteis em mim,
mas ficaria feliz
se encontrásseis algum encanto
num ou noutro ser da minha lavra:
o búzio, onde dorme a música,
o plátano, que cresce para lá das estrelas,
o mar, que diz cem vezes: "Eu sou o mar."

Sinto-me muito humilde:
o meu universo não é mais belo
do que um poema perdido."


Alain Bosquet





sexta-feira, setembro 04, 2009





6. Oh, Kimbela, a morte do teu marido
podes chorar todos os dias no cemitério apoiada nos serviços
das floristas! Não posso deixar de me inclinar perante
o teu vale de lamentações onde se afunda a tua última fantasia
e do baú cheio de pó tiras a foto mais antiga do liceu.
Olhas para trás das nossas vidas e tudo se pode medir
pelo número certo dos degraus das vossas auroras.
Tudo se encaixa, o Diabo não foi capaz de alterar a fartura
da oferta que o céu soltou para o teu regaço e até exiges
que toda a sanzala te ofereça um dia de romaria e de lágrimas….
mas a morte de tantos irmãos, Oh Kimbela!,
é a mais dura subtracção da minha vida porque é um veio
de sangue que se cortou e nos abre o fundo da existência
( há uma parte da pátria que se parte
dentro de mim e só posso ter em minhas mãos
os estilhaços mais inclementes)
para que nos encontremos com a nossa própria fraqueza
e a odiemos. E Deus- apesar de O termos como os únicos
ouvidos e olhos que descobrem os criminosos – não facilita
em dizer “ Venham por aqui” : assim poderíamos ter África
como se quer um tecto
sobre nossas
vidas.

Adriano Botelho de Vasconcelos
in Olímias, pag, 49
edição UEA ( União dos Escritores Angolanos) 2005



quarta-feira, agosto 26, 2009

Anibal Beça

Faleceu ontem em Manaus, Brasil, Aníbal Beça, o poeta do paladar das palavras, título do seu último post publicado no blogue AMAZONIC HAIJIN.

À família enlutada o meu abraço de condolências.

Em homenagem a tão ilustre amigo, com saudade e porque as palavras me faltam nestes momentos derradeiros, deixo aqui uma estrofe do poema Licença Poética da autoria de Jota Jota Paes Loureiro

[...]
"Manda-me um verso depressa,
faz uma trova voar
e não me venhas com essa,
que estás de pernas pro ar..."


maria

terça-feira, agosto 25, 2009

Quero acabar entre rosas, porque as amei na infância.
Os crisântemos de depois, desfolhei-os a frio.
Falem pouco, devagar,
Que eu não oiça, sobretudo com o pensamento.
O que quis? Tenho as mãos vazias,
Crispadas flebilmente sobre a colcha longínqua.
O que pensei? Tenho a boca seca, abstracta.
O que vivi? Era tão bom dormir!


8-12-1931
Poesias de Álvaro de Campos. Fernando Pessoa. Lisboa: Ática, 1944 (imp. 1993). - 86.

sexta-feira, julho 24, 2009

A uma só voz


Alimento-me de raízes.
Desço ao fundo
pela corda da fome da saudade
e encosto-me à terra,
encontro todas as coisas
em todas as cores
ao som de todos os dialectos...
Vou ao fundo
e subo a todas as árvores
a todas as montanhas,
percorro desertos acústicos de paixão
onde ardem sublimes miragens:
são guitarras verdes
que se curvam à passagem do meu ouvir.
Moro aí
nessa linha indefinida da insónia e do sono,
onde o céu e a terra se costuram
onde o silêncio sustenta o levitar de pássaros.
Moro aí
onde não há céu e terra,
existo num pressentir.
Numa cadência.
No que há-de vir.
Em tudo o que foi
lapido o momento
num corpo que dança e
numa voz que te canta, Mãe-África!

mariagomes
Coimbra, 2002
in edição PD Literatura, 2002



domingo, julho 05, 2009

Vida



A mim foi negado tudo.
Até o absurdo.

22 de Junho de 2009

Rodrigo de Souza Leão

(n. Rio de Janeiro, 4 de Novembro de 1965, f. 1 de Julho de 2009)



segunda-feira, junho 29, 2009


eu queria para ti um deus que desenhasse
a pedra o fogo o trigo o sal
- o som diáfano que persigo


nas entranhas misteriosas
uma canção que fosse de desvelo - uma planície.

mariagomes
junho.09



quinta-feira, junho 25, 2009



não é tua a melodia funda destas águas
nem o sangue profanado dos sinais em chagas.


mariagomes
jun.09




eu não queria para ti este lume amargo como um antro
este luto que subverte a razão da poesia.


mariagomes
jun.09



domingo, junho 21, 2009

Babatunde Olatunji - Shango (Chant to the God of Thunder)

Babatunde Olatunji natural da Nigéria, um dos mais carismáticos precurssionistas africanos foi membro fundador do projecto Planet Drum ( faleceu a 6 de Abril de 2003)

Dele, digo: tinha as mãos de deus.



sexta-feira, junho 19, 2009


II

cedo ouvi o dilecto som das aves
na emoção que emigra

em qualquer batalha vi morrer um filho.



mariagomes
19jun2009

I


cedo me aventurei por esse caminho
abri a cega intimidade
receei apagar-lhe o brilho
cantante até à morte
outorgada à vagarosa arte de ser ilha
ou mar puro
onde nascer seria
o que se suspende
ou se celebra.


mariagomes
19jun.2009



quarta-feira, junho 17, 2009




recorda comigo - só havia o luar
as imagens difusas assoreavam a noite

o deserto era um anjo azul
o verso os olhos
a urgência de abraçar o ramo o vento um rio

naquele corpo
como se ardesse em vegetação.


mariagomes
jun2009






sexta-feira, junho 12, 2009

canta por mim ainda que o amor não venha
com a mesma sede venci a tormenta da nomeada dor
sem quartel
em cada cópula de fogo em suas cinzas dulcíssimas

neste desejo civil de ver nascer o sol rumei ao invisível.


mariagomes
junho, 2009




quinta-feira, junho 11, 2009

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Podes entrar ; tenho as mãos para dizer o disperso canto das águas. Os meus olhos, alagados pelo grito das árvores, são lúcidos ao início do sol. Com o amor das coisas, rejubilo e lanço os braços a um rodopio doce e futuro, a uma tempestade humana. Tudo o que eu espero é sentir o elo da criação que se move, entre mim e ti, e a claridade. ____________mariagomes
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