"Abre a romã, mostrando a rubicunda Cor,com que tu, rubi, teu preço perdes; (...........)" Luis Vaz de Camões, Os Lusíadas,IX,59
quarta-feira, agosto 26, 2009
Anibal Beça
À família enlutada o meu abraço de condolências.
Em homenagem a tão ilustre amigo, com saudade e porque as palavras me faltam nestes momentos derradeiros, deixo aqui uma estrofe do poema Licença Poética da autoria de Jota Jota Paes Loureiro
[...]
"Manda-me um verso depressa,
faz uma trova voar
e não me venhas com essa,
que estás de pernas pro ar..."
maria
terça-feira, agosto 25, 2009
Quero acabar entre rosas, porque as amei na infância.
Os crisântemos de depois, desfolhei-os a frio.
Falem pouco, devagar,
Que eu não oiça, sobretudo com o pensamento.
O que quis? Tenho as mãos vazias,
Crispadas flebilmente sobre a colcha longínqua.
O que pensei? Tenho a boca seca, abstracta.
O que vivi? Era tão bom dormir!
8-12-1931
Poesias de Álvaro de Campos. Fernando Pessoa. Lisboa: Ática, 1944 (imp. 1993). - 86.
domingo, agosto 23, 2009
sexta-feira, julho 24, 2009
A uma só voz
Alimento-me de raízes.
Desço ao fundo
pela corda da fome da saudade
e encosto-me à terra,
encontro todas as coisas
em todas as cores
ao som de todos os dialectos...
Vou ao fundo
e subo a todas as árvores
a todas as montanhas,
percorro desertos acústicos de paixão
onde ardem sublimes miragens:
são guitarras verdes
que se curvam à passagem do meu ouvir.
Moro aí
nessa linha indefinida da insónia e do sono,
onde o céu e a terra se costuram
onde o silêncio sustenta o levitar de pássaros.
Moro aí
onde não há céu e terra,
existo num pressentir.
Numa cadência.
No que há-de vir.
Em tudo o que foi
lapido o momento
num corpo que dança e
numa voz que te canta, Mãe-África!
mariagomes
Coimbra, 2002
in edição PD Literatura, 2002
quinta-feira, julho 23, 2009
domingo, julho 05, 2009
Vida
A mim foi negado tudo.
Até o absurdo.
22 de Junho de 2009
Rodrigo de Souza Leão
(n. Rio de Janeiro, 4 de Novembro de 1965, f. 1 de Julho de 2009)
segunda-feira, junho 29, 2009
quinta-feira, junho 25, 2009
domingo, junho 21, 2009
Babatunde Olatunji - Shango (Chant to the God of Thunder)
Babatunde Olatunji natural da Nigéria, um dos mais carismáticos precurssionistas africanos foi membro fundador do projecto Planet Drum ( faleceu a 6 de Abril de 2003)
Dele, digo: tinha as mãos de deus.
sexta-feira, junho 19, 2009
quarta-feira, junho 17, 2009
sexta-feira, junho 12, 2009
quinta-feira, junho 11, 2009
sexta-feira, maio 29, 2009
Juan Ramón Jiménez: La poesía, 1954
1
La poesía no es sucesiva, como la ciencia. Un poeta no continúa a otro poeta, sino que recrea, revive, aísla y cierra en sí mismo «toda» la poesía.
2
Un camino por donde, aunque uno sabe que no llegará nunca, va uno bien y seguro de que es el único y verdadero.
3
La poesía…, esta eyaculación –¡qué deleite!– del espíritu.
4
Si la poesía fuera, como algunos pretenden, una cosa precisa, inflexible, ríjida, suntuosa, llegaría a desprestijiarse entre sus dos hermanas: la pintura y la música. En la pintura, realista o romántica, el pintor fija el motivo de la naturaleza como es ella misma y lo divulga o lo fija a través de su alma, para que sea fuente de sensación.
La música es una evaporación de la vida; es también maleable, irisada y temblorosa; tesorera, podríamos llamarla. El arte no traduce, comenta. La palabra fija y concreta, como el color, como la nota, debe tender a la difusión, a la melodía, a algo que se evoque y que emocione y que, al fin, abra la fuente de nuestros sentimientos ideales.
5
NO PROFÉTICA
La poesía auténtica es siempre futura, nunca profética. Su profecía consiste precisamente en ser futura.
Y no se me diga que la poesía, futura en la espresión, puede soportar también una profecía; porque la poesía es «sólo» una unidad completa.
(Quien puede ser profético es el poeta. Pero eso es otro asunto. Y se trata en prosa hablada.)
6
ESA CHISPA
La poesía nos la trae todo el existir diario que rodea nuestro diario existir; y la hace saltar, buena chispa, el roce o el choque de las existencias encontradas. Pero, en sí, la poesía, es decir, lo que salta y lo que ilumina esa chispa a nuestra espresión no es más que lo absoluto.
7
La poesía inferior gana declamada, aumentada a los oídos, no vista. La superior pierde así; gana leída en silencio con los ojos.
8
LA SANGRE VERDE
La poesía no se renueva gritando a las señoras asustadas o crédulas que la sangre es verde; sino sorprendiendo las ideas esenciales que esa sangre, más verde o más roja, riega, fecunda y exalta.
9
COMO ESENCIA
Poesía, una sustancia que alimenta como esencia.
10
Lo objetivo –que varía en cada país– no puede ser universal. Sólo es universal el alma del hombre. Así, la poesía subjetiva es la única que llena el universo.
11
Poesía, instinto cultivado.
12
La poesía, principio y fin de todo, es indefinible. Si se pudiera definir, su definidor sería el dueño de su secreto, el dueño de ella, el verdadero, el único dios posible. Y el secreto de la poesía no lo ha sabido, no lo sabe, no lo sabrá nunca nadie, ni la poesía admite dios. Por fortuna, para Dios y para los poetas.
13
El estreno de la poesía es influir superiormente sobre el mismo poeta que la ha escrito en instantes de su ser superior; hacer de un hombre divinizado un dios frecuente.
14
La conquista de la poesía es como la del amor, que nunca sabremos si su secreto es nuestro, y contamos para siempre con la belleza y la fuerza de esa duda.
15
Sólo la creación vence el ruido de la Creación.
16
Poesía metafísica no filosófica.
17
Poesía pura no es poesía casta, sino poesía esencial.
y 18
No hay poeta más puro, es decir, auténtico, que el poeta fatal.
Juan Ramón Jiménez
(Huelva, 1881-SanJuan de Puerto Rico, 1958)
in Estética y ética estética (aforismos, 1907-1954), 1967
segunda-feira, abril 27, 2009
quinta-feira, abril 16, 2009
terça-feira, abril 14, 2009
segunda-feira, abril 13, 2009
sábado, abril 11, 2009
quinta-feira, abril 02, 2009
Quando Diamanda Galás passou por Portugal, em 2005, Walter Hugo Mãe escreveu:
"ia jurar que, semicerrando os olhos, se podia ver fumo negro saindo da sua boca. um fumo rápido, atarefado com dispersar-se por toda a sala. parecia que nos imergia nos seus misteriosos ofícios. com o tempo, tudo pode acontecer a quem lá esteve"
Repito o que já havia escrito no meu site do multiply : realmente,tudo pode acontecer a quem a ouve!
Uma chamada de atenção para o poeta, periodista e crítico literário salvadoreño Miguel Huezo Mixco, autor deste poderoso poema:
Si la muerte viene y pregunta por mi
haga el favor
de decirle que vuelva mañana
que todavia no he cancelado mis deudas
ni he terminado un poema
ni me he despedido de nadie
ni he ordenado mi ropa para el viaje
ni he llevado a su destino el encargo ajeno
ni he echado llave en mis gavetas
ni he dicho lo que debia decir a los amigos
ni he sentido el olor de la rosa que no ha nacido
ni he desenterrado mis raices
ni he escrito una carta pendiente
que si siquiera me he lavado las manos
ni he conocido un hijo
ni he empredido caminatas en paises desconocidos
ni conozco los siete velos del mar
ni la canción del marino
Si la muerte viniera
diga por favor que estoy entendido
y que me haga una espera
que no he dado a mi novia ni un beso de despedida
que no he repartido mi mano con las de mi familia
ni he desempolvado los libros
ni he silbado la canción preferida
ni me he reconciliado con los enemigos
digale que no he probado el suicidio
ni he visto libre a mi gente
digale si viene que vuelva mañana
que no es que le tema pero ni siquiera
he empezado a andar el camino.
domingo, março 29, 2009
segunda-feira, março 23, 2009
sexta-feira, março 13, 2009
sexta-feira, março 06, 2009
quarta-feira, março 04, 2009
quinta-feira, fevereiro 26, 2009
quarta-feira, fevereiro 18, 2009
segunda-feira, fevereiro 16, 2009
sábado, fevereiro 14, 2009
terça-feira, fevereiro 10, 2009
Quem administra um blogue de poesia , sabe como isto, às vezes, funciona, ou deve funcionar: uma imagem fundamenta um poema, uma poema uma imagem, uma palavra um poema, uma música um poema ou uma palavra... e por aí vamos.
O vídeo “cinco dias > stand by me….” aqui exibido, o que mais prazer me deu ver ouvir e publicar, pediu este poema de Fernando Couto que poderia muito bem ter sido dirigido a qualquer uma daquelas belíssimas vozes que, espero não tenham caído, de novo e definitivamente, no anonimato.
mariagomes
Pergunta a Paul Roberson
Que rios te correm na voz
Paul Roberson 1 ?
Que marulhantes graves e longos
rios é o teu canto
Paul Roberson?
É o Congo ou é o Mississipi
com manchas de sangue indissoluto?
Ou são os afrontosos rios
da humilhação impotente
Paul Roberson?
Ou é o Nilo ou o Missouri
cavando às cegas o leito
nas terras da hostilidade?
Ou será a mágoa sem fundo nem tempo
náufraga sem morte dos barcos de negreiros
soluçando nos campos de algodão
dos diversos estados da Carolina do Sul
Paul Roberson?
Ou será a incomparável curva doida do Niger
rompendo o caminho do mar?
Ou será apenas o lento pesado arrastar dos pés
dos teus irmãos de raça
Paul Roberson
rompendo o caminho do mar?
1 Cantor de blues norte-americano
Fernando Couto
In Poetas de Moçambique
**Fernando Leite Couto nasceu em 1924 em Rio Tinto Portugal. Jornalista, pai do escritor Mia Couto reside actualmente em Maputo onde é responsável pela editora Ndjira.
Bibliografia
Poesia – Poemas junto à fronteira ( 1959); Jangada do Inconformismo (1962), O Amor Diurno( 1962) , Ficções para um retrato ( 1971); Monódia (1997) e Os Olhos Deslumbrados (2001)
segunda-feira, fevereiro 09, 2009
entrevista de Juan Gelman, 2008
Juan Gelman
( clique no título)
domingo, fevereiro 08, 2009
sábado, fevereiro 07, 2009
sexta-feira, fevereiro 06, 2009
quinta-feira, fevereiro 05, 2009
segunda-feira, fevereiro 02, 2009
sábado, janeiro 31, 2009
Respondendo ao repto que me foi lançado por Ana Cecília do blogue Casulo Temporário transcrevo a 6ª linha, na página 161, de uma antologia de poesia moçambicana do poema “ Deixa passar o meu povo” de Noémia de Sousa. Posteriormente alinhavei uns versos.
Convido, agora, para esta ciranda o Fred Matos, a Gabriela Gouveia, o José Ribeiro Marto e o Henrique Pimenta. Leiam a 6ª linha da página 161 do livro que esteja mais próximo de vós transcrevam-na e… escrevam.
“abro-me e deixo-me embalar…”(1)
pela saudade da clareira que acende o meu povo
naquele oriente vago profuso
impelindo a noite que lhe lavou o rosto
e refulge
num suave ramo lunar
mariagomes
(1) Noémia de Sousa
sexta-feira, janeiro 30, 2009
sábado, janeiro 24, 2009
domingo, janeiro 18, 2009
terça-feira, janeiro 13, 2009
domingo, janeiro 11, 2009
sábado, janeiro 10, 2009
não há poesia
Não me quero alongar em mera retórica, pretendo somente a concisão de uma consciência poética (a minha) num tema, num tempo tão explosivo quanto este : ‘ Poesia, Poeta e Poema’.
Se não há poesia, onde se projecta o poeta e o poema? Em que dimensão habita o sopro? Tocará ele, como afirma T.S Eliot, ‘a orla daqueles sentimentos que só a música pode expressar’?
Essa orla, essa fronteira, puramente sensível, puramente primeira, imaterial amplia-se entre o antes e o depois como o crisol ardente da emoção criadora
__e concomitante roda 'no selim da infância '(1) entre a natureza e o espírito devorador do significante e do significado de que se apropria, com a insígnia da voz.
E esse ‘ser primitivo‘, que é o poeta (como definiu Eugénio de Andrade) integra-se numa relação íntima, sucedâneo de um cosmos que se nos diz ‘num pequeno mundo cheio de amor.’ (2)
Talvez a poesia ande num pequeno mundo cheio de amor! e seja na noite, aquela ondulação que contagia o corpo e submerge o mar, que o mar ainda é a matéria de migrantes missivas
__e a poesia, o invisível.
Eu não vejo a poesia. Vislumbro um lugar 'onde ninguém pode poisar a cabeça' (3), onde a palavra se faz coisa: átomo, grito, canto, grifo do silêncio… manifestação do mundo recriando o mundo, arremesso da pupila deslocando o azul do sol
__e o sortilégio do infinito que estanca o rosáceo sangue de um austro.
Eu não vejo a poesia. Vislumbro os levantes, a luz das densas falésias na oferenda das mãos que recolhem a cidade real, e perguntam:
__Onde vive a poesia?
Não sei!... Isto só ao verbo é permitido responder, ao tecido dos homens, ao que 'apartado nele nos seja presente' (4)
Eu admito, apenas, que viceja na alfaia de um ovo, na espiga de um lírio, ou na meda de um cântico ungido.
...
não sei, meus amigos, o que fazer da minha poesia.
o que fazer do que antecede, do que digo.
do que é excessivo, às vezes, como uma lâmpada alegre.
estou presa num poema.
estou prestes a explodir em espuma.
procuro um lugar…. os olhos, a parede…
vou pendurar a minha poesia nos olhos da parede.
vai escorrer pela cal húmida
vai desfazer as mãos redondas das lágrimas.
depois, quando não mais houver, sem o olhar,
sento-me num degrau qualquer de magnólias,
e acaricio-as como se ali nascesse o mar.**
mariagomes
III Bienal de Poesia, em Silves, abril de 2008
1) Ruy Duarte de Carvalho in Lavra , “poesia reunida’
2) Ruy Belo,p.81 cap- ‘ particular configuração da palavra arte, Na Senda da Poesia’
3)Ruy Belo, “ Na senda da Poesia
4) Léon L. de, op cit., p.399. in cap ‘-particular configuração da palavra arte, Na Senda da Poesia’, Ruy Belo
**Maria Gomes ' o lugar da poesia' a José A. Gonçalves in memoriam
e a José Félix
Diegos Jesús Jiménez
“El verdadero poeta lo que hace es intentar extraer la poesía de la realidad, no verter poesía sobre la realidad porque lo que se hace es una poesía literaria. Hay que mirar la vida con ojo poético. Embadurnar con poesía la realidad es muy fácil, lo hace cualquiera con lecturas y un poco de sensibilidad. El camino contrario, extraer poesía de la realidad es lo complicado.” […]
Diego Jesús Jiménez
Entrevista, 2008
in Artes Poéticas
sexta-feira, janeiro 09, 2009
quarta-feira, janeiro 07, 2009
terça-feira, janeiro 06, 2009
segunda-feira, janeiro 05, 2009
sábado, dezembro 27, 2008
como um primeiro ser vivo como uma ave de cetim
ladeando a ilusão de um céu azul claro
tenho as mãos expectantes
na penumbra pronta de meu sono redimido
nas águas metafóricas
na coreografia das fragas que nasceram
e dão à praia um perfume roxo de ternura
para quem a tarde se ajoelha
para quem o branco da poesia que derramo
para quem a voz de uma só estrela é o silêncio tutelar de um oceano.
mariagomes
dez, 2008
quinta-feira, dezembro 25, 2008
quarta-feira, dezembro 24, 2008
terça-feira, dezembro 23, 2008
domingo, dezembro 21, 2008
neste horizonte
ao anil da brisa.
prometo expandir as águas
pelos areais tangíveis.
longamente, prometo, pai,
reescrever o teu rosto na rebentação dos dedos,
no cume das lágrimas
do húmus,
no pecúlio de tua devoção
ao singrado sangue que desponta,
gota a gota,
neste horizonte de asserto.
mariagomes
21dez.08
quinta-feira, dezembro 18, 2008
terça-feira, dezembro 16, 2008
para o silêncio
não basta a noite não basta o brilho
não bastam batuques febris girando
girando
na ilusão de sons longínquos
para o silêncio de uma luz acesa
sobre pétalas e pétalas
é preciso inventariar a infância
e as claves dos beirais
um dia houve que olhei o mar
e o seu reflexo veio a mim como um jardim de âmbar
puro
que se renova a cada ramo
revolto na força densa dos corais.
mariagomes
dez, 2008
segunda-feira, dezembro 15, 2008
Eduardo White
sexta-feira, dezembro 12, 2008
quinta-feira, dezembro 11, 2008
quarta-feira, dezembro 10, 2008
Artigo 25º 1

Artigo 25.º
1. Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe assegurar e à sua família a saúde e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à assistência médica e ainda quanto aos serviços sociais necessários, e tem direito à segurança no desemprego, na doença, na invalidez, na viuvez, na velhice ou noutros casos de perda de meios de subsistência por circunstâncias independentes da sua vontade.
terça-feira, dezembro 09, 2008
Samuel Beckett
Nous naissons tous fous. Quelques-uns le demeurent.
Samuel Beckett
Extrait de En attendant Godot
.....................
Nascemos todos loucos; alguns permanecem (assim)
extraído de À Espera de Godot
domingo, dezembro 07, 2008
talvez não saibas que amo as temperadas manhãs
que há um lugar que transcende os olhos
que atravessam sóis como baionetas de sangue
nunca te falei da infância de um acidulado relâmpago
nos passos
das pálpebras
das palavras
de um dever profundo
houve uma rosa submersível condenada à água
e lábios fortíssimos azuis
e faróis perdidos em profusão em chamas
sabes? quando pousei as mãos senti partir o cântico dos mares
chamei por ti.
mariagomes
dez, 2008
sábado, dezembro 06, 2008
O Corte Final
eu também, meu caro waters,
estive preste ao corte final,
a deixar que todos vissem
palavras de sangue na parede
com a letra de uma canção
eu também, meu caro waters,
queria mostrar meu lado fraco
sucumbir à absoluta alucinação
escrever com sangue na parede
os versos de outra canção
eu também, meu caro waters
não tive coragem pro corte final
mas tenho a lâmina guardada:
talvez em alguma madrugada
eu escreva a definitiva canção.
Fred Matos
05/12/2008
sexta-feira, dezembro 05, 2008
quinta-feira, dezembro 04, 2008
amanhã quando vazarem as cordilheiras
e o clamor for mais alto
da chuva a cair
na distância que sela um hierático silêncio
escreverei poemas de amor.
nessa hora de porões translúcidos
contornarei a linha
verso a verso
consignando o mito do deserto.
amanhã falarei de ti da vertente febril
dos teus braços
sobre o amanhecer dos séculos.
mariagomes
dez/2008
Mahatma Gandi
"O único tirano que aceito neste mundo é a pequena voz silenciosa que há dentro de mim."
Mahatma Gandhi
1869/1948
segunda-feira, dezembro 01, 2008
domingo, novembro 30, 2008
Estrela
para aquela estrela
azul
e fria
que me apontaste
já de madrugada:
amar
é entristecer
sem corrompermos
nada.
Carlos de Oliveira
in cd " Ao Longe os Barcos de Flores"
sábado, novembro 29, 2008
na dicção de um sonho
não, não renunciarei à urgência dos espectros,
a este claro coração;
expectante,
a morte é um rio secreto.
há muito tempo, eu sei, nos nós dos dedos,
no fulgor do estio
abriam-se corolas vivas
com a respiração do verde, entre sílabas e sílabas.
mariagomes
nov/2008
segunda-feira, novembro 24, 2008
sexta-feira, novembro 21, 2008
quarta-feira, novembro 19, 2008

[...] " quem não sonhar está morto. O mundo como ele hoje é, não vale nada. É preciso que ele seja conforme o conceber da nossa fantasia, criadora de beleza. Este antagonismo entre o mundo e a alma humana seria incompreensível se não víssemos nele a própria razão da nossa actividade moral: o aperfeiçoamento das cousas, a sua disposição em marcha para um fim divino. O homem é o único animal que não coincide com o mundo;e seu destino é dilatar o mundo até onde chega a fantasia, até ao céu. O mundo é céu materializado e condensado, para que as patas dos animais encontrem um ponto de apoio no Infinito, como encontraram refúgio na Arca de Noé."[...]
Teixeira de Pascoaes
in " S.Paulo"
edição Assírio& Alvim
terça-feira, novembro 11, 2008
na captura do sul
quinta-feira, novembro 06, 2008
segunda-feira, novembro 03, 2008
[...]
My God, what is a heart?
Silver, or gold, or precious stone,
Or starre, or rainbow, or a part
Of all these things, or all of them in one?
(Mattens)
[...]
Meu Deus, o que é um coração?
Prata, ou ouro, ou pedra preciosa,
Ou estrela, ou arco-íris, ou parte
De todas estas coisas, ou todas numa só?
George Herbert
sábado, outubro 25, 2008
quinta-feira, outubro 23, 2008
quarta-feira, outubro 22, 2008
[...]
Muito, ó Poeta, o engenho pode dar-te.
Mas muito mais que o engenho, o tempo, e estudo;
Não queiras de ti logo contentar-te.
É necessário ser um tempo mudo!
Ouvir, e ler somente: que aproveita
Sem armas, com fervor cometer tudo?
Caminha por aqui. Esta é a direita
Estrada dos que sobem ao alto monte
Ao brando Apolo, ás nove irmãs aceita.
Do bom escrever, saber primeiro é fonte.
Enriquece a memória de doutrina
Do que um cante, outro ensine, outro te conte.
[...]
António Ferreira
Carta a Diogo Bernardes
in Textos Literários do século XVI
“ A Corrente clássica e italianizante:
o magistério literário de António Ferreira"
1. Concepção aristocrática da Arte e dignidade das Letras
Editorial Aster
terça-feira, outubro 21, 2008
sexta-feira, outubro 17, 2008
terça-feira, outubro 14, 2008
sábado, outubro 11, 2008
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- mariagomes
- Podes entrar ; tenho as mãos para dizer o disperso canto das águas. Os meus olhos, alagados pelo grito das árvores, são lúcidos ao início do sol. Com o amor das coisas, rejubilo e lanço os braços a um rodopio doce e futuro, a uma tempestade humana. Tudo o que eu espero é sentir o elo da criação que se move, entre mim e ti, e a claridade. ____________mariagomes
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