"Abre a romã, mostrando a rubicunda Cor,com que tu, rubi, teu preço perdes; (...........)" Luis Vaz de Camões, Os Lusíadas,IX,59
sábado, dezembro 30, 2006
sexta-feira, dezembro 22, 2006
quarta-feira, dezembro 20, 2006
quinta-feira, dezembro 14, 2006
"O génio, ele é o afecto e o momento presente, construiu a casa aberta ao inverno espumoso e ao rumor do verão, purificou as bebidas e os alimentos, ele, que é a sedução dos lugares evanescentes e a delícia sobre-humana dos lugares parados. É o afecto e o provir, a força e o amor que, ao enfrentarmos a pé firme as dores e contratempos, vemos passar no céu ameaçador e nos estandartes de êxtase.
É ele o amor, medida perfeita e reinventada, razão maravilhosa e inesperada, e a eternidade: máquina amada das qualidades fatais. Já todos sentimos o pavor da sua e a nossa concessão: ó gozo da saúde que possuímos, impulso das nossas faculdades, amor egoísta e paixão que lhe temos, ele, que nos ama para a sua vida infinita...
Lembramo-nos dele, e ele viaja…. E, se a Adoração se for, toca, a sua promessa brada: “ Para trás essa superstições, esses corpos de antigamente, essas famílias e esses tempos. É esta época, porque passamos, que soçobrou!”
Ele não se irá embora, não voltará a descer do céu, não redimirá as cóleras das mulheres, nem as alegrias dos homens, nem outro pecado qualquer: porque ele sendo, e sendo amado, isso já aconteceu.
Oh!, os seus sopros, as suas cabeças, as suas corridas; a terrível celeridade da perfeição das formas e da acção.
Ó fecundidade do espírito e imensidão do universo!
O seu corpo!, a sua quietude sonhada, o quebrar da graça entremeada de uma nova violência!
A sua visão, sua visão!, depois da sua passagem , perdoadas todas as antigas genuflexões e castigos.
A sua hora!, a abolição de todos os sofrimentos sonoros e movediços numa música mais intensa.
O seu passo!, as migrações mais ingentes do que as antigas invasões.
Ó ele e nós!, um orgulho mais benevolente do que as perdidas caridades.
Ó mundo!, e o canto cristalino das novas infelicidades!
O génio, conheceu-nos ele, e a todos ele amou. Saibamos, nesta noite de inverno, de uma ponta a outra, do pólo tumultuoso ao castelo, da multidão à praia, de olhar em olhar, forças e sentimentos cansados, chamar por ele e vê-lo, mandá-lo embora e, sob as marés e no pico dos desertos de neve, seguir as suas visões, o seu sopro, o seu corpo, a sua hora."
Arthur Rimbaud
in “ O rapaz raro”
Iluminações e poemas
Trad. Maria Gabriela Llansol
Edições Relógio D’água
quarta-feira, dezembro 13, 2006
segunda-feira, dezembro 11, 2006
"Diante de um grande poeta, tem-se a sensação de que as coisas que permaneceram escondidas no caos emergem."
Christian Hebbel
sábado, dezembro 09, 2006
" O sage, Dichter..."
Que fazes tu, poeta? Diz! - Eu canto.
Mas o mortal e monstruoso espanto
Como o suportas, como aceitas? - Canto.
E que nome não tem, tu podes tanto
Que o possas nomear, poeta?- Canto.
De onde te vem direito ao Vero, enquanto
Usas de máscaras, roupagens? - Canto.
E o que é violento e o que é silente encanto,
Astros e temporais, como te sabem? - Canto.
Rainer Maria Rilke
Áustria ( 1875-1926)
in " poesia do século XX"
Antologia, tradução, prefácio e notas de Jorge de Sena
edições Asa
terça-feira, dezembro 05, 2006
quinta-feira, novembro 30, 2006
segunda-feira, novembro 27, 2006
sexta-feira, novembro 24, 2006
no limo da linguagem
Sim, o desacerto é a extensão do meu peito e eu procuro-te
no limo da linguagem
tão fria
tão imersa
É nesta música que cego movendo-me uma réstia
para depois me levar a migração
à flor do fosso
onde tudo recomeça
Estás a ouvir-me
numa dissoluta vontade eu sou a secura
eu estou na tarde da rosa-dos-ventos
eu sou um enlouquecido movimento
encontrarei o sal das amoras os meus dedos atrás da morte
na imperceptível morte de agora.
mariagomes
24.nov.2006
quinta-feira, novembro 23, 2006
o assalto, Mia Couto
"Uns desses dias fui assaltado. Foi num virar de esquina, num desses becos onde o escuro se aferrolha com chave preta. Nem decifrei o vulto: só vi, em rebrilho fugaz, a arma em sua mão. Já eu pensava fora do pensamento: eis-me! A pistola foi-me justaposta no peito, a mostrar-me que a morte é um cão que obedece antes mesmo de se lhe ter assobiado.
Tudo se embrulhava em apuros e eu fazia contas à vida. O medo é uma faca que corta com o cabo e não com a lâmina. A gente empunha a faca e, quanto maior a força de pulso, mais nos cortamos.
— Para trás!Obedeci à ordem, tropeçando até me estancar de encontro à parede. O gelo endovenoso, o coração em cristal: eu estava na ante-câmara, à espera de um simples estalido. Cumpria os mandamentos do assaltante, tudo mecanicamente. E mais parvalhado que o cuco do relógio. O que fazer? Contra-atacar? Arriscar tudo e, assim sem mais nem nada, atirar a vida para trás das costas?— Diga qualquer coisa.— Qualquer coisa?— Me conte quem é. Você quem é?Medi as palavras. Quanto mais falasse e menos dissesse melhor seria. O maltrapilho estava ali para tirar os nabos e a púcara. Melhor receita seria o cauteloso silêncio. Temos medo do que não entendemos. Isso todos sabemos. Mas, no caso, o meu medo era pior: eu temia por entender. O serviço do terror é esse — tornar irracional aquilo que não podemos subjugar. — Vá falando.— Falando?— Sim, conte lá coisas. Depois, sou eu. A seguir é a minha vez.
Depois era a vez dele? Mas para fazer o quê? Certamente, para me executar a sangue esfriado, pistolando-me à queima-roupa. Naquele momento, vindo de não sei onde, circulou por ali um furtivo raio de luz, coisa pouca, mais para antever que para ver. O fulano baixou o rosto, e voltou a pistola em ameaça.
— Você brinca e eu …Não concluiu ameça. Uma tosse de gruta lhe tomou a voz. Baixou, numa fracção, a arma enquanto se desenvencilhava do catarro. Por momento, ele surgiu-me indefeso, tão frágil que seria deselegância minha me aproveitar do momento. Notei que tirava um lenço e se compunha, quase ignorando minha presença.
— Vá, vamos mais para lá.
Eu recuei mais uns passos. O medo dera lugar à inquietação. Quem seria aquele meliante? Um desses que se tornam ladrões por motivo de fraqueza maior? Ou um que a vida empurrara para os descaminhos? Diga-se de passagem que, no momento, pouco me importavam as possíveis bondades do criminoso. Afinal, é do podre que a terra se alimenta. E em crise existencial, até o lobisomem duvida: será que existe o cão fora da meia-noite?
Fomos andando para os arredores de uma iluminação. Foi quando me apercebi que era um velho. Um mestiço, até sem má aparência. Mas era um da quarta idade, cabelo todo branco. Não parecia um pobre. Ou se fosse era desses pobres já fora de moda, desses de quando o mundo tinha a nossa idade. No meu tempo de menino tínhamos pena dos pobres. Eles cabiam naquele lugarzinho menor, carentes de tudo, mas sem perder humanidade. Os meus filhos, hoje, têm medo dos pobres. A pobreza converteu-se num lugar monstruoso. Queremos que os pobres fiquem longe, fronteirados no seu território. Mas este não era um miserável emergido desses infernos. Foi quando, cansado, perguntei:
— O que quer de mim?— Eu quero conversar.— Conversar?— Sim, apenas isso, conversar. É que, agora, com esta minha idade, já ninguém me conversa.
Então, isso? Simplesmente, um palavreado? Sim, era só esse o móbil do crime. O homem recorria ao assalto de arma de fogo para roubar instantes, uma frestinha de atenção. Se ninguém lhe dava a cortesia de um reparo ele obteria esse direito nem que fosse a tiro de pistola. Não podia era perder sua última humanidade — o direito de encontrar os outros, olhos em olhos, alma revelando-se em outro rosto.
E me sentei, sem hora nem gasto. Ali no beco escuro lhe contei vida, em cores e mentiras. No fim, já quase ele adormecera em minhas histórias eu me despedi em requerimento: que, em próximo encontro, se dispensaria a pistola. De bom agrado, nos sentaríamos ambos num bom banco de jardim. Ao que o velho, pronto, ripostou:
— Não faça isso. Me deixe assaltar o senhor. Assim, me dá mais gosto.
E se converteu, assim: desde então, sou vítima de assalto, já sem sombra de medo. É assalto sem sobressalto. Me conformei, e é como quem leva a passear o cão que já faleceu. Afinal, no crime como no amor: a gente só sabe que encontra a pessoa certa depois de encontrarmos as que são certas para outros. "
Mia Couto
Alguns contos do Mia Couto
sábado, novembro 11, 2006
quinta-feira, novembro 09, 2006
segunda-feira, outubro 30, 2006
domingo, outubro 22, 2006
[...]
" Para mim o que pode haver de sensível no amor é uma saia branca a sacudir o ar, um laço de cetim que mãos esguias enastram, uma cintura que se verga, uma madeixa perdida que o vento desfez, uma canção ciciada em lábios de ouro e de vinte anos, a flor que a boca de uma mulher trincou...
Não, nem sequer é a formosura que me impressiona. É outra coisa mais vaga - imponderável, translúcida : a gentileza. Sim, e como eu a vou descobrir em tudo, em tudo - a gentileza... Daí uma ânsia estonteada, uma ânsia sexual de possuir vozes, gestos, sorrisos, a romãs e cores!..."
" Lume doido! Lume doido!... Devastação! Devastação!..."
Mas logo serenando:
- A boa gente que aí vai meu querido amigo, nunca teve destas complicações. Vive. Nem pensa... Só eu não deixo de penar... O meu mundo interior ampliou-se - volveu-se infinito, e hora a hora se excede! É horrível. Ah Lúcio! Tenho medo de soçobrar, de me extinguir no meu mundo interior, de desaparecer na vida, perdido nele...
"... E aí tem assunto para uma das suas novelas: um homem que à força de se concentrar, desaparecesse da vida - imigrado no seu mundo interior...
" Não lhe digo eu? A maldita literatura..."
[...]
Mário de Sá- Carneiro
in "A Confissão de Lúcio"
edição Alma Azul
sexta-feira, outubro 20, 2006
quarta-feira, outubro 11, 2006
sexta-feira, outubro 06, 2006
Perceberás a muda e móbil aparição dos meus passos.
O sol bebendo pelos ribeiros.
Numa tarde espantarás a inutilidade crepuscular que domina o azul.
A voz que declarou fervente o estertor dos pássaros.
Ontem ardia uma angústia lúcida. Uma criança efémera.
Um lugar dissipado. E em toda a urbanidade da sombra vivias tu.
mariagomes
6 de Out.2006
O sol bebendo pelos ribeiros.
Numa tarde espantarás a inutilidade crepuscular que domina o azul.
A voz que declarou fervente o estertor dos pássaros.
Ontem ardia uma angústia lúcida. Uma criança efémera.
Um lugar dissipado. E em toda a urbanidade da sombra vivias tu.
mariagomes
6 de Out.2006
segunda-feira, outubro 02, 2006
"Sempre aspirei por uma forma mais ampla, que não fosse nem poesia nem prosa em demasia e permitisse a compreensão, sem expor ninguém, nem autor nem leitor, a grandes tormentos. Na sua essência, a poesia é algo horrível:
Nasce de nós uma coisa que não sabíamos que está dentro de nós, e piscamos os olhos como se atrás de nós tivesse saltado um tigre, e tivesse parado na luz, batendo a cauda sobre os quadris. É por isso que se afirmam, com razão, que a poesia é ditada por um espírito, embora haja exagero em afirmar que se trata de um anjo. É difícil entender a soberba dos poetas, por que se envergonham, quando a fraqueza deles acaba descoberta. Que homem inteligente gostaria de ser o país dos demônios, que nele se multiplicam como em sua própria casa, falam inúmeras línguas , e como se não lhes bastasse roubar-lhe a boca e as mãos, ainda tentam alterar-lhe o destino a seu bel-prazer? Porque hoje se respeita tudo o que é adoentado, alguém poderá pensar que estou brincando apenas, ou que encontrei uma outra maneira de elogiar a Arte através da ironia. Houve um tempo em que somente livros sábios eram lidos, que ajudam a suportar a dor e a desgraça. Mas isso não é o mesmo que examinar milhares de obras oriundas direto das clínicas psiquiátricas. Mas o mundo é diferente daquilo que nos parece, e nós próprios diferentes de nossos delírios. Por isso as pessoas conservam a sua silente cortesia, para obter respeito de parentes e vizinhos. A vantagem da poesia consiste no fato de lembrar-nos da dificuldade de manter a identidade, pois a nossa casa está aberta, não há chave na porta, e hóspedes invisíveis entram e saem. Concordo, o que estou contando aqui não é poesia. Poesias devem ser escritas poucas vezes e de má vontade, sob uma pressão insuportável e apenas na esperança de que os bons espíritos, e não os maus, tenham em nós o seu instrumento. "
Czeslaw Milosz
(1911-2004) Polónia
Nasce de nós uma coisa que não sabíamos que está dentro de nós, e piscamos os olhos como se atrás de nós tivesse saltado um tigre, e tivesse parado na luz, batendo a cauda sobre os quadris. É por isso que se afirmam, com razão, que a poesia é ditada por um espírito, embora haja exagero em afirmar que se trata de um anjo. É difícil entender a soberba dos poetas, por que se envergonham, quando a fraqueza deles acaba descoberta. Que homem inteligente gostaria de ser o país dos demônios, que nele se multiplicam como em sua própria casa, falam inúmeras línguas , e como se não lhes bastasse roubar-lhe a boca e as mãos, ainda tentam alterar-lhe o destino a seu bel-prazer? Porque hoje se respeita tudo o que é adoentado, alguém poderá pensar que estou brincando apenas, ou que encontrei uma outra maneira de elogiar a Arte através da ironia. Houve um tempo em que somente livros sábios eram lidos, que ajudam a suportar a dor e a desgraça. Mas isso não é o mesmo que examinar milhares de obras oriundas direto das clínicas psiquiátricas. Mas o mundo é diferente daquilo que nos parece, e nós próprios diferentes de nossos delírios. Por isso as pessoas conservam a sua silente cortesia, para obter respeito de parentes e vizinhos. A vantagem da poesia consiste no fato de lembrar-nos da dificuldade de manter a identidade, pois a nossa casa está aberta, não há chave na porta, e hóspedes invisíveis entram e saem. Concordo, o que estou contando aqui não é poesia. Poesias devem ser escritas poucas vezes e de má vontade, sob uma pressão insuportável e apenas na esperança de que os bons espíritos, e não os maus, tenham em nós o seu instrumento. "
Czeslaw Milosz
(1911-2004) Polónia
sábado, setembro 30, 2006
( um tributo a Torga)
no mar colhi o amor, o trigo ao longe, a meninice do vagar
as coisas, como rosas, por exemplo.
ao anoitecer os dedos floriam
eu tive a ventura de ver sorrir o sol, na sede de um país de círios.
mariagomes
30 Set.2006
as coisas, como rosas, por exemplo.
ao anoitecer os dedos floriam
eu tive a ventura de ver sorrir o sol, na sede de um país de círios.
mariagomes
30 Set.2006
terça-feira, setembro 26, 2006
segunda-feira, setembro 04, 2006
domingo, agosto 20, 2006
sexta-feira, agosto 11, 2006
quinta-feira, agosto 03, 2006
domingo, julho 30, 2006
não tocarei na palavra velada pelo amor
é preciso que um vulcão a beije
cheire a mar o som
que estremeça mansa a boca
que se declarem as minhas mãos loucas e pagãs
ficará imune o ardor livre a sensação de haver
em movimento
um altar curvo ou o alimento sobre a mãe.
não tocarei na arrebatada loucura terrestre
no silêncio que cresce das macieiras
que se declarem os rios que respiram inexoráveis
as noites insolúveis e sãs.
mariagomes
julho06
é preciso que um vulcão a beije
cheire a mar o som
que estremeça mansa a boca
que se declarem as minhas mãos loucas e pagãs
ficará imune o ardor livre a sensação de haver
em movimento
um altar curvo ou o alimento sobre a mãe.
não tocarei na arrebatada loucura terrestre
no silêncio que cresce das macieiras
que se declarem os rios que respiram inexoráveis
as noites insolúveis e sãs.
mariagomes
julho06
quarta-feira, julho 26, 2006
segunda-feira, julho 24, 2006
quarta-feira, julho 19, 2006
domingo, julho 02, 2006
sexta-feira, junho 30, 2006
[...]"o poema, sendo como é uma forma de manifestação da linguagem e, por conseguinte, na sua essência dialógico, pode ser uma mensagem na garrafa, lançada ao mar na convicção - decerto nem sempre muito esperançada - de um dia dar a alguma praia, talvez a uma praia do coração. Também neste sentido os poemas estão a caminho - têm um rumo.
Para onde? Em direcção a algo aberto, de ocupável, talvez a um tu apostrofável, a uma realidade apostrofável. Penso que para o poema o que conta são essas realidades. E acredito ainda que raciocínios como este acompanham, não só os meus próprios esforços, mas também os de outros poetas da geração mais nova. São os esforços de quem, sem tecto, também neste sentido até agora nem sonhado e por isso desprotegido da forma mais inquietante, vai ao encontro da língua com a sua existência, ferido de realidade e em busca de realidade."[...]
PAUL CELAN
"arte poética, o meridiano e outros textos"
edições cotovia
tradução joão barrento
Para onde? Em direcção a algo aberto, de ocupável, talvez a um tu apostrofável, a uma realidade apostrofável. Penso que para o poema o que conta são essas realidades. E acredito ainda que raciocínios como este acompanham, não só os meus próprios esforços, mas também os de outros poetas da geração mais nova. São os esforços de quem, sem tecto, também neste sentido até agora nem sonhado e por isso desprotegido da forma mais inquietante, vai ao encontro da língua com a sua existência, ferido de realidade e em busca de realidade."[...]
PAUL CELAN
"arte poética, o meridiano e outros textos"
edições cotovia
tradução joão barrento
domingo, junho 25, 2006
deixa que um pássaro cubra o contorno alucinante
e oculto do meu canto
porque eu estou na impressão das coisas
os meus olhos são pássaros
- os pássaros alma inclinada sobre a noite
falo-te devagar do ventre onde vivi
escuto o marulhar de um silêncio proferido
indizível divisa a tua alma
o que semeará o linho
se por ti espera o cosmos do meu leito
e as pedras caminham longas pela estrada
não sei o que te diga
fixam-me as paredes como se eu fosse o sol perdível
mais uma vez as coisas vivem
e o sol ( oh essência!)
deixa que um pássaro cubra o contorno alucinante
e oculto do meu canto.
mariagomes
jun.06
e oculto do meu canto
porque eu estou na impressão das coisas
os meus olhos são pássaros
- os pássaros alma inclinada sobre a noite
falo-te devagar do ventre onde vivi
escuto o marulhar de um silêncio proferido
indizível divisa a tua alma
o que semeará o linho
se por ti espera o cosmos do meu leito
e as pedras caminham longas pela estrada
não sei o que te diga
fixam-me as paredes como se eu fosse o sol perdível
mais uma vez as coisas vivem
e o sol ( oh essência!)
deixa que um pássaro cubra o contorno alucinante
e oculto do meu canto.
mariagomes
jun.06
quinta-feira, junho 08, 2006
"No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida. "
(...)
excerto do poema "Aniversário" de Álvaro de Campos
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida. "
(...)
excerto do poema "Aniversário" de Álvaro de Campos
quarta-feira, junho 07, 2006
sexta-feira, maio 26, 2006
domingo, abril 30, 2006
Nicanor Parra: What is poetry?, 1989
todo lo que se dice es poesía
todo lo que se escribe es prosa
todo lo que se mueve es poesía
lo que no cambia de lugar es prosa
De Chistes para desorientar a la poesía, 1989.
En Poéticas
todo lo que se dice es poesía
todo lo que se escribe es prosa
todo lo que se mueve es poesía
lo que no cambia de lugar es prosa
De Chistes para desorientar a la poesía, 1989.
En Poéticas
segunda-feira, abril 17, 2006
terça-feira, abril 11, 2006
" Se é que já houve uma crise moral, então foi da cor, da matéria, do sangue e dos seus elementos, das palavras e sons, de tudo aquilo que cria tanto uma obra de arte como a vida. Pois, mesmo se cobrirmos uma tela com protuberâncias de cor, independemente do facto, se podemos ou não reconhecer nela uma silhueta - e até mesmo se recorrermos à palavra e aos sons -, não será por essa razão que nasce, forçosamente, uma autêntica obra de arte"
Marc Chagall
(1887/1985)
in "Marc Chagall
Poesia em quadros"
edição Taschen Público
Marc Chagall
(1887/1985)
in "Marc Chagall
Poesia em quadros"
edição Taschen Público
terça-feira, março 28, 2006
segunda-feira, março 27, 2006
sexta-feira, março 24, 2006
quinta-feira, março 23, 2006
na metamorfose da voragem
*
pai não há poesia. há um nó desfazendo um percurso nu.
a existência do vento norte naquele vento
que bateu à nossa sorte como um trovão extinto.
como a bala objectiva
que cerceia o peito dos areais já prontos e o sul. o sul que és tu.
**
está lá fora uma elevação impetuosa.
na boca dos que se calaram
abriram-se as pálpebras das mulheres que choram.
ouve pai esse primevo canto que nos fundeia cambaleante
ao som fúlgido da lâmpada. é a chuva interior que paira.
***
arroladas as amendoeiras clamam em tácita cegueira
e as crianças nascem
importa pai o coração importa o quanto arde a imensidão
incoercível
na metamorfose da voragem.
mariagomes
18/ 23março.06
pai não há poesia. há um nó desfazendo um percurso nu.
a existência do vento norte naquele vento
que bateu à nossa sorte como um trovão extinto.
como a bala objectiva
que cerceia o peito dos areais já prontos e o sul. o sul que és tu.
**
está lá fora uma elevação impetuosa.
na boca dos que se calaram
abriram-se as pálpebras das mulheres que choram.
ouve pai esse primevo canto que nos fundeia cambaleante
ao som fúlgido da lâmpada. é a chuva interior que paira.
***
arroladas as amendoeiras clamam em tácita cegueira
e as crianças nascem
importa pai o coração importa o quanto arde a imensidão
incoercível
na metamorfose da voragem.
mariagomes
18/ 23março.06
quinta-feira, março 16, 2006
quarta-feira, março 15, 2006
segunda-feira, março 13, 2006
sábado, março 11, 2006
"No hables en tus poemas del ruiseñor
de Wilde, ni menciones amor, perfume, labio o rosa"
—me dice en los manuales Ariel Rivadeneira—
y yo evito poner en cada verso escrito
un ala, algún jardín, la luna de Virgilio,
y hasta a veces me niego, sentado
en el alféizar, a mirar las heladas
del invierno en España, porque queman
las ramas de los árboles todos y la niebla
me invita a escribir con nostalgia"
y ese signo, nostalgia, —me dicen
los manuales— es señal del pasado,
y se debe escribir sin alma, con estilo,
igual que si torcieras el cuello
de una garza con desprecio en tus dedos.
"Habla de cibernética y de física cuántica,
menciona blog, pantalla, correos
electrónicos" —me aconsejan los críticos—.
Y yo sumo las cifras o despejo ecuaciones,
digo leyes, neones, sistemas invisibles
que arman genios, científicos.
También menciono genes, vídeos,
ordenadores, y hay instantes, incluso,
que hablo sin meditar y construyo asonantes
al decir aeropuertos, submarinos, aviones
y algún laboratorio (...), móviles, cines, clones.
Pero aunque logre versos posmodernos
siguiendo los consejos de sabios
que hablan de poesía como hablar
de la historia, de mercados, teoremas
que establecen los pliegues en las cuerdas
del tiempo, no he logrado escribir
el poema perfecto, e incluso
cuando leo alguna línea aislada
de Wilde entre las sábanas, y todos
mis maestros (con diplomas de masters
y perfil de doctores) se divierten
en bares o en los pubs de internet,
yo lloro como dama sin remedio
y me jode el viejo de Quevedo,
y me arriesgo, en la cama, a que digan
los críticos en los post o en revistas:
"¡qué anticuado y qué griego se volvió
Dolan Mor leyendo a los antiguos!,
si hasta le creció un día, encima
de las cejas, (en lugar de la gorra
ladeada sobre un piercing) un ramo
de laurel...
Pero logró dos cosas: pasar
imperceptible delante de los hombres,
como dijo Epicuro, y escribir con la espalda
inclinada en la hoja, sin cederle la mano
al influjo variable del tiempo y de las modas".
(Inédito)
Dolan Mor (Cuba, 1968): Arte poética, 2006
de Wilde, ni menciones amor, perfume, labio o rosa"
—me dice en los manuales Ariel Rivadeneira—
y yo evito poner en cada verso escrito
un ala, algún jardín, la luna de Virgilio,
y hasta a veces me niego, sentado
en el alféizar, a mirar las heladas
del invierno en España, porque queman
las ramas de los árboles todos y la niebla
me invita a escribir con nostalgia"
y ese signo, nostalgia, —me dicen
los manuales— es señal del pasado,
y se debe escribir sin alma, con estilo,
igual que si torcieras el cuello
de una garza con desprecio en tus dedos.
"Habla de cibernética y de física cuántica,
menciona blog, pantalla, correos
electrónicos" —me aconsejan los críticos—.
Y yo sumo las cifras o despejo ecuaciones,
digo leyes, neones, sistemas invisibles
que arman genios, científicos.
También menciono genes, vídeos,
ordenadores, y hay instantes, incluso,
que hablo sin meditar y construyo asonantes
al decir aeropuertos, submarinos, aviones
y algún laboratorio (...), móviles, cines, clones.
Pero aunque logre versos posmodernos
siguiendo los consejos de sabios
que hablan de poesía como hablar
de la historia, de mercados, teoremas
que establecen los pliegues en las cuerdas
del tiempo, no he logrado escribir
el poema perfecto, e incluso
cuando leo alguna línea aislada
de Wilde entre las sábanas, y todos
mis maestros (con diplomas de masters
y perfil de doctores) se divierten
en bares o en los pubs de internet,
yo lloro como dama sin remedio
y me jode el viejo de Quevedo,
y me arriesgo, en la cama, a que digan
los críticos en los post o en revistas:
"¡qué anticuado y qué griego se volvió
Dolan Mor leyendo a los antiguos!,
si hasta le creció un día, encima
de las cejas, (en lugar de la gorra
ladeada sobre un piercing) un ramo
de laurel...
Pero logró dos cosas: pasar
imperceptible delante de los hombres,
como dijo Epicuro, y escribir con la espalda
inclinada en la hoja, sin cederle la mano
al influjo variable del tiempo y de las modas".
(Inédito)
Dolan Mor (Cuba, 1968): Arte poética, 2006
quinta-feira, março 02, 2006
terça-feira, fevereiro 21, 2006
domingo, fevereiro 19, 2006

Desculpem a súbita mudança de ritmo! Mas não podia deixar de vos dar a conhecer uma obra que vem do sul do pacífico. Nas minhas arrumações e desarrumações na música, descobri este cd que é resultado de um trabalho de 10 anos efectuado por David Fanshawe, compositor, fotógrafo, coleccionador de música étnica, personagem cinematográfico e da televisão.
Quem aprecia este "estilo" ( como eu ) vai gostar de ouvir monumental recolha.
A importação e distribuição em Portugal é ( ou foi) de mc/ mundo da canção, Porto, e o título do cd é " Music of the South Pacific", recordings by David Fanshawe, ARC Music Productions Int Ld. Product of United Kingdom, 2002.
mariagomes
quarta-feira, fevereiro 15, 2006
domingo, fevereiro 12, 2006
sexta-feira, fevereiro 10, 2006
terça-feira, fevereiro 07, 2006
queria que nascesses da lua a deslumbrar as janelas
dantes um poema ardia dentro de ti
como uma expressão cabendo descalça
alagava-me os lábios
queria também que nesta terça-feira dia 7 de Fevereiro
não houvesse sirena única que me dissesse
o mar bateu cem vezes em vezes por ti chamou
os pescadores foram à terra degolar a fome
porque na terra pai as alvas dilatam a memória
e agora a memória está outra vez a bater no mar
contra o silêncio das coisas obscuras.
mariagomes
7 Fev.2006
dantes um poema ardia dentro de ti
como uma expressão cabendo descalça
alagava-me os lábios
queria também que nesta terça-feira dia 7 de Fevereiro
não houvesse sirena única que me dissesse
o mar bateu cem vezes em vezes por ti chamou
os pescadores foram à terra degolar a fome
porque na terra pai as alvas dilatam a memória
e agora a memória está outra vez a bater no mar
contra o silêncio das coisas obscuras.
mariagomes
7 Fev.2006
domingo, fevereiro 05, 2006
quinta-feira, fevereiro 02, 2006
desisto do brilho dos astros, das cascatas de pedra
do céu etereamente louro.
vou por aí, sem dizer nada, aludindo com os olhos.
desisto de aferir a noite perdida, de procurar as rosas,
ouvir a carne,
de permanecer entre a dor e um abismo.
se vires, meu amor, o silêncio levar a água aos gerânios
será a minha sede morta, ou viva.
mariagomes
2 de Fev.2006
do céu etereamente louro.
vou por aí, sem dizer nada, aludindo com os olhos.
desisto de aferir a noite perdida, de procurar as rosas,
ouvir a carne,
de permanecer entre a dor e um abismo.
se vires, meu amor, o silêncio levar a água aos gerânios
será a minha sede morta, ou viva.
mariagomes
2 de Fev.2006
terça-feira, janeiro 31, 2006
(...)
"Eu não acredito na imortalidade de coisa alguma; e embora um poema deva valer por si próprio, como obra independente do autor e da sequência da criação a que este foi dando, eu todavia penso que é mais importante, humanamente, o espírito de peregrinar que o facto conclusivo de haver visitado lugares santos. Na peregrinação, que é a nossa vida, muito mais somos visitados do que visitamos. Diário íntimo ou fastos espiritualmente autobiográficos – a poesia é mais do que isso. A co-responsabilidade do tempo e nossa, que é a única garantia de uma autenticidade - pois que será esta senão a busca de uma verdade que está para lá da actividade estética , e que a actividade estética não tem por fim achar, mas testemunhar que insatisfeitamente ela é buscada? -, ultrapassa precisamente o solipsismo inerente mesmo à mais convincente das criações poéticas , e concede à poesia uma paradoxal objectividade que as fabricações da perfeição artista são incapazes de atingir, por demasiado dependentes do gosto, quando o testemunho vale pela reflectida espontaneidade que apela e apelará sempre para a comunhão de todos os inquietos, todos os insatisfeitos, todos os que exigem do mundo, para os outros, a generosidade que lhes foi negada."
Jorge de Sena
do prefácio ( 1960) da 1ª edição de Poesia-I ( 1961)
obras de Jorge de Sena, antologia poética, edições Asa
"Eu não acredito na imortalidade de coisa alguma; e embora um poema deva valer por si próprio, como obra independente do autor e da sequência da criação a que este foi dando, eu todavia penso que é mais importante, humanamente, o espírito de peregrinar que o facto conclusivo de haver visitado lugares santos. Na peregrinação, que é a nossa vida, muito mais somos visitados do que visitamos. Diário íntimo ou fastos espiritualmente autobiográficos – a poesia é mais do que isso. A co-responsabilidade do tempo e nossa, que é a única garantia de uma autenticidade - pois que será esta senão a busca de uma verdade que está para lá da actividade estética , e que a actividade estética não tem por fim achar, mas testemunhar que insatisfeitamente ela é buscada? -, ultrapassa precisamente o solipsismo inerente mesmo à mais convincente das criações poéticas , e concede à poesia uma paradoxal objectividade que as fabricações da perfeição artista são incapazes de atingir, por demasiado dependentes do gosto, quando o testemunho vale pela reflectida espontaneidade que apela e apelará sempre para a comunhão de todos os inquietos, todos os insatisfeitos, todos os que exigem do mundo, para os outros, a generosidade que lhes foi negada."
Jorge de Sena
do prefácio ( 1960) da 1ª edição de Poesia-I ( 1961)
obras de Jorge de Sena, antologia poética, edições Asa
sábado, janeiro 28, 2006
Memória de Carlos Gouveia, "GOIA"

in " Coração transplantado"
Carlos Gouveia, "Goia", nascido em Peniche, Portugal, há 76 anos, faleceu hoje, em Lisboa, vítima de doença prolongada.
Residiu 74 anos na cidade de Benguela, República de Angola. Autor de diversos livros de poesia e crónicas e exímio caricaturista, deixa-nos na certeza de que " chorar não é violência, chorar a ferida que nos dói é alimento"...
mariagomes
nota: " Coração transplantado" foi-me oferecido por Carlos Gouveia, " Goia", em forma de livro manufacturado, a 23 de Março de 2004, em Benguela. Não quis o poeta que eu ficasse com esse coração "transplantado" pela editora, mas com um exemplar totalmente trabalhado por si. Diz-nos , " há que salvar a poesia na mensagem que ela nos impõe, na sua liberdade de expressão, a preocupação de nenhuma regra" . Pelo facto de se ter dedicado, também e ainda mais à pintura, desenho e caricatura, "Goia" relativizava o trabalho de uma gráfica. Era o artista a dar lugar à urgência, e ao tempo.
mariagomes
domingo, janeiro 22, 2006
segunda-feira, janeiro 16, 2006
domingo, janeiro 15, 2006
sábado, janeiro 14, 2006
quarta-feira, janeiro 11, 2006
"Pátria é uma palavra que podemos dizer
sem que a maioria do povo a reconheça
Ela não pertence ao léxico das palavras comuns
e se os políticos a referem é quase sempre com a violência
De uma retórica vã"
(…)
Excerto de" Pátria Soberana, seguido de Nova Ficção, 1999."
António Ramos Rosa , in " O Poeta Na Rua", edições Quasi
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- Podes entrar ; tenho as mãos para dizer o disperso canto das águas. Os meus olhos, alagados pelo grito das árvores, são lúcidos ao início do sol. Com o amor das coisas, rejubilo e lanço os braços a um rodopio doce e futuro, a uma tempestade humana. Tudo o que eu espero é sentir o elo da criação que se move, entre mim e ti, e a claridade. ____________mariagomes
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